São Paulo, domingo, 22 de março de 1998

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SUCESSÃO PRESIDENCIAL
Ciro e Lula descartam maxidesvalorização


Os pré-candidatos do PPS e do PT querem uma taxa de crescimento anual de 6% para criar 1,5 mi de empregos por ano


ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local


Além de palavras críticas para a gestão Fernando Henrique Cardoso, os programas econômicos preliminares dos mais prováveis rivais do tucano em outubro têm, pelo menos, mais dois pontos em comum: a maxidesvalorização do real está fora de cogitação e a meta de crescimento do PIB (a soma das riquezas do país) é de 6% por ano.
Mas o caminho em esboço pelos pré-candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS), para alcançar essas metas passa por rotas diferentes.
Ciro, porta-voz de seu programa econômico, e o economista Guido Mantega, assessor econômico de Lula, descartam uma desvalorização forte do real, caso suas cores vençam as eleições.
"O Brasil precisa acelerar as desvalorizações, mas nada espetacular. Isso significaria a volta da inflação e do arrocho salarial", diz Ciro, que aceleraria as minidesvalorizações mensais do atual nível de 0,6% para 1%.
A mesma estratégia está em estudo pelo PT, que quer alterar a política cambial, mas "nada monstruoso", segundo Mantega, porque isso seria "catastrófico" no contexto da instabilidade asiática.
As fórmulas econômicas nos laboratórios da oposição convergem no que diz respeito ao crescimento. A taxa almejada por ambos é 6% anuais, a única tida como capaz de gerar os empregos que o país demanda a cada doze meses.
Ciro e Mantega aplaudem o Real no combate à inflação, mas acusam a gestão econômica de FHC de ser "financista" e responsável pelo colapso produtivo.
"O presidente traiu os compromissos da segunda fase do Real, as reformas. Nada propôs e arruinou o país, permitindo o salto da dívida pública de R$ 61 bilhões para R$ 257 bilhões", afirma Ciro.
Se vencer, Ciro diz que atingirá suas metas por meio de uma ampla negociação, sem quebrar contratos, da dívida pública.
Mantega diz que, se eleito, o governo de Lula passará por uma fase de transição para "desmontar a armadilha" dos juros altos, inverter a tendência de alta dos déficits externos e estimular a exportação.
"No primeiro ano, enquanto se desmonta a camisa-de-força dos juros altos, o Lula vai trabalhar para ganhar a confiança do mercado porque sabemos que vai haver muita difamação contra a política econômica dele", afirma Mantega.
Nas entrevistas nesta página, Ciro e Mantega falam sobre suas as idéias para a economia do país.



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