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IGREJA CATÓLICA
Arcebispo afirma pedir a Deus que decepção não bata esperança
Aliança entre PT e movimento
social foi rompida, diz CNBB
DO ENVIADO A INDAIATUBA
Integrantes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) fizeram ontem, na abertura da 42ª Assembléia Geral da entidade, mais críticas ao governo.
O presidente da CNBB, d. Geraldo Majella, e o secretário-geral, d.
Odilo Pedro Scherer, já haviam
atacado o governo. Antes mesmo
de a assembléia começar, já estava
no site da CNBB um texto crítico.
Ontem, o arcebispo de Vitória
da Conquista (BA), d. Geraldo
Lyrio Rocha, afirmou que, se a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva
em 2002 foi uma vitória da esperança sobre o medo, ele agora pede a Deus que "a decepção, a frustração, não batam a esperança".
O cardeal arcebispo do Rio, d.
Eusébio Oscar Scheid, disse que
"esperaria que ele [Lula] tivesse
mais amor pelo Rio". O comentário foi feito após d. Eusébio citar a
violência na favela da Rocinha.
As declarações vieram antes da
divulgação do documento "Análise de Conjuntura", que é preparado por assessores para que os
bispos discutam. Nele, há mais
críticas. Além de ataques à política econômica, o texto diz que os
movimentos sociais viram rompida a parceria que tinham com o
PT e "já não sabem se devem
apoiar as políticas do governo".
Outro trecho afirma que o governo não agiu imediatamente
diante da denúncia contra Waldomiro Diniz, ex-assessor da Presidência flagrado em vídeo de
2002 pedindo propina a empresário de jogos. Num raro alívio, o
texto diz que "o câmbio mais ou
menos estável é uma conquista".
Dulci
O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) usou ontem a linha de
não "demonizar" os movimentos
sociais para defender o governo
em relação às críticas de quebra
de autoridade decorrentes de invasões de sem-terra e de sem-teto,
além dos assassinatos de 29 garimpeiros por índios cinta-larga.
Dulci disse que não cabe ao governo abolir conflitos, mas abrir
canais de negociação. Negou haver leniência e disse que os movimentos não serão criminalizados.
"Não há novidade no fato de
abril e maio serem meses com intensas mobilizações. A novidade é
que o governo não está criminalizando os movimentos sociais."
Para Dulci, é preciso paciência.
"Tem que negociar, ter paciência.
Não adianta só colocar polícia. É
preciso haver métodos democráticos de negociação. O presidente
tem autoridade, mas sabe que não
pode eliminar parte do processo."
Em reportagem ontem, a Folha
mostrou que o governo vê uma
ofensiva para "demonizar" os
movimentos sociais e, em resposta a isso, não pretende reforçar essa estratégia. Prepara, sim, o desbloqueio de verbas de infra-estrutura e segurança pública.
Voltando a usar o argumento de
que as demandas sociais vêm de
décadas, Dulci reafirmou que o
governo fará uma reforma agrária
pacífica e exercerá sua autoridade. "Não há democracia sem conflitos. O esforço do poder público
deve ser para que os conflitos não
degenerem em confrontos."
Para ele, não cabe ao Estado interferir nas organizações da sociedade. "A autonomia é garantida
pela Constituição. O governo não
pode interferir na CUT, na Força
Sindical. Seria extrapolar."
(GB)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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