São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2008

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Minas tem que ter candidato a presidente, afirma Alencar

Ao lado de Aécio em homenagem a Tiradentes, vice-presidente lembra eleição de JK

"Acho apenas que é muito difícil que se construa um projeto de Brasil sem que Minas tenha uma presença de muito vigor", diz Aécio

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURO PRETO

O vice-presidente José Alencar disse ontem, no encerramento da cerimônia de celebração da Inconfidência Mineira, realizada na cidade histórica de Ouro Preto, que os mineiros devem ser "intransigentes" no apoio a um nome de Minas na disputa presidencial de 2010.
A declaração de Alencar, que estava na condição de presidente interino, foi feita logo após ele elogiar em discurso o governador Aécio Neves (PSDB-MG), um possível candidato a presidente -embora os ministros petistas Dilma Rousseff (Casa Civil) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) também sejam de Minas.
"Penso que os mineiros, de um modo geral, têm que estar intransigentemente ao lado de um candidato de Minas, desde que haja alguém com honorabilidade", disse o vice-presidente, que é mineiro.
Momentos antes, em discurso, Alencar afirmou que Juscelino Kubitscheck (1902-1976) foi o último presidente mineiro eleito diretamente pelo voto.
"Há mais de meio século o Brasil não vê novamente um mineiro eleito presidente", disse Alencar (PRB-MG).
Segundo ele, isso deixa com "saudade" não apenas os mineiros, mas também os "brasileiros que aprenderam a reconhecer Minas como fonte da brasilidade, da seriedade e do equilíbrio que os mineiros maiores do passado trouxeram como exemplo". Ele afirmou ver essas qualidades em Aécio.
Mas Aécio, uma vez mais, negou ser pré-candidato a presidente. Disse que sua participação na eleição não precisa ser necessariamente como candidato. "Eu tenho dito sempre que Minas vai estar presente na sucessão, pode ter candidato, pode não ter candidato e participar do processo. Eu acho apenas que é muito difícil que se construa um projeto de Brasil sem que Minas tenha uma presença e uma palavra de muito vigor", afirmou ele.
"Em Minas nós estamos buscando construir convergências, e eu acho que as sinalizações do próprio vice-presidente da República e presidente em exercício são muito claras, mostram que nós podemos construir caminhos comuns", disse Aécio. "Ninguém pode ser candidato porque quer ser presidente."
Nos bastidores, Aécio trabalha em direção a 2010. Busca o apoio do maior leque possível de aliados, vinculados a partidos ou não. Ele diz que ser ou não candidato é uma questão que não depende só dele, mas que, se for, tem que estar desde agora com tudo preparado.
Foi nesse ambiente que a praça Tiradentes, palco da celebração e homenagem ao mártir da Inconfidência, recebeu ontem cerca de 3.000 pessoas, segundo a Polícia Militar.
Logo à frente das grades que separavam o público da área da cerimônia estavam faixas em favor do tucano, bem visíveis. "Queremos Aécio presidente do Brasil", dizia uma delas.
Sempre cortejado pelo PMDB, legenda que não esconde o desejo de tê-lo como candidato a presidente em 2010, Aécio agraciou com a medalha da Inconfidência os presidentes nacional e mineiro do partido, respectivamente os deputados federais Michel Temer (SP) e Fernando Diniz.
O convite de Aécio para que Alencar fosse o orador oficial da solenidade do 21 de abril ocorreu após o vice-presidente reclamar por ter sido excluído das conversas em torno da aliança PT-PSDB em Belo Horizonte. Aécio reconheceu o erro e, com esse gesto, reaproximou-se de Alencar.
Questionado sobre o terceiro mandato para Lula, Alencar disse que o presidente "quer porque quer fazer o seu sucessor", mas repetiu: "Se perguntar aos brasileiros o que é que eles desejam, eu creio que a resposta será: desejamos que o Lula continue por mais tempo".


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