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ONG do PC do B recebe mais verba do que prefeitos de SP
Instituição elogiada pelo TCU recebeu R$ 8,5 mi do Esporte, pasta controlada pelo partido
Maior doadora da campanha da ex-jogadora de basquete Karina, que dirige a ONG, foi uma empresa que mantém contrato com a instituição
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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A ex-jogadora de basquete Karina, que dirige a ONG Bola pra Frente, em Jaguariúna, interior de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma ONG ligada ao PC do B
recebeu do Ministério do Esporte mais recursos do que 12
Estados ou todas as prefeituras
paulistas contempladas pela
pasta no ano passado. O ministério é controlado pela sigla
desde o início do governo Lula.
A ONG Bola pra Frente, que
recebeu R$ 8,5 milhões em
2008 do governo, é dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, eleita,
em Jaguariúna (SP), vereadora
pelo PC do B, no ano passado,
com 642 votos. O partido elegeu outro vereador na mesma
cidade com o mesmo número
de votos, contra nenhum nas
eleições anteriores.
A verba do Ministério do Esporte é repassada por meio do
Programa Segundo Tempo, que
promove práticas esportivas
com alunos no período em que
eles não estão em aula.
A ONG promoveu uma licitação para escolher a fornecedora
de alimentos por dois anos. O
valor do contrato é de R$ 4,4
milhões e a vencedora foi a
RNC Comércio de Produtos
Alimentícios e Artigos Esportivos. Essa empresa foi a maior
doadora da campanha de Karina em 2008, responsável por
54,3% dos R$ 28,5 mil arrecadados pela candidata. Em média, cada voto recebido por Karina custou R$ 44.
Para comparação, cada voto
dado ao prefeito paulistano,
Gilberto Kassab (DEM), custou
R$ 7,85 e para a sua adversária
Marta Suplicy (PT), R$ 8,57.
"Todas as doações são legais e
declaradas", diz Karina.
Ganhadores ou perdedores,
os quase 380 mil candidatos a
prefeito e vereador gastaram
cerca de R$ 2,2 bilhões nas eleições passadas, segundo o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
Foram R$ 17 por eleitor.
Repasses
O ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, visitou a
ONG em abril de 2008.
Somando-se todos os valores
repassados por meio do Segundo Tempo para os Estados de
Acre, Espírito Santo, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso do Sul,
Paraná, Rio Grande do Norte,
Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins chega-se a um total de R$ 8,3 milhões. Somando-se os repasses
para 23 prefeituras paulistas
no último ano, o total foi de
R$ 5,35 milhões.
A sede da ONG fica na casa de
Karina, enquanto a sede administrativa está em uma sala no
centro da cidade. A vereadora
diz que não alterou o endereço
da sede por conta das correspondências.
Segundo o balanço de 2008,
as despesas da instituição somaram R$ 7,5 milhões, custo de
R$ 418 anuais por aluno.
O gasto com pessoal totalizou R$ 1,82 milhão. As despesas
operacionais somaram R$ 4,3
milhões, entre elas R$ 132,5 mil
com combustível e lubrificantes e R$ 3,33 milhões com refeições e lanches para os alunos.
TCU
O TCU (Tribunal de Contas
da União) já fez duras observações sobre repasses do programa Segundo Tempo. Mas citou
apenas uma vez a Bola Pra
Frente, elogiando o trabalho.
De acordo com a ONG, são
atendidas 18 mil crianças em cidades do interior paulista. O dinheiro do ministério é responsável por 81% da receita total.
Karina argumenta que, além
do TCU, a CGU (Controladoria
Geral da União) também elogiou o trabalho da ONG. Apresenta ainda auditorias feitas
nas contas da instituição.
Sobre a filiação ao PC do B,
diz que procurou o partido
mais ligado a esportes e que todos os seus projetos na Câmara
são ligados ao tema. Sempre
que questionado sobre o Segundo Tempo, o Ministério do
Esporte diz que ligações partidárias não são consideradas.
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