São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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César Cabral
Empresário atuou na retaguarda de ativistas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

Empresário em Foz do Iguaçu e industrial do setor de tabaco no Paraguai, César Cabral, 69, um argentino de pais paraguaios, foi o pivô da prisão em Foz do Iguaçu, pelo Exército brasileiro, a pedido do governo Stroessner.
Trotskista na época do movimento estudantil na Argentina, virou stalinista quando fugiu para o Brasil, em 66, e entrou no MR-8.
Preso em 1969, cumpriu dois anos e meio de reclusão.
Livre sob condicional, Cabral estabeleceu-se em Foz do Iguaçu, onde atuou como "retaguarda" de ativistas paraguaios e argentinos.
Sua prisão em 1974 em Foz do Iguaçu, assim como a de outros três paraguaios, se deu pelo contato "estreito" que tinha como o ativista paraguaio Rodolfo Ramirez Villalba, morto em 1976.

Agência Folha - Qual a relação do sr. com o ativista Rodolfo Ramirez Villalba?
Cabral
- Eu consegui emprego em Foz com Stumpfs depois de ser libertado de Ilha Grande, e contratei Ramirez.

Agência Folha - O sr. conhecia Ramirez. Sabia que ele estava preparando um atentado contra o presidente do Paraguai ?
Cabral
- Sim, eu conhecia Ramirez. Sabia que era de esquerda. Quanto ao possível atentado, que nunca existiu, desconheço.

Agência Folha - Como o sr., como ex-militante reagiu à prisão?
Cabral
- Eu não tive oportunidade de reagir. Fui preso e levado ao Parque Nacional do Iguaçu. Fui agredido pelo Curió. Meu único medo era ser levado para o Paraguai, onde na certa seria morto.

Agência Folha - Os senhores foram presos pela Polícia Federal ou pelo Exército?
Cabral
- Pelo Exército. Eu nem fui entregue à Polícia Federal depois que as pressões internacionais fizeram com que o Brasil nos libertasse. O outros três (Molongos, Soley e Stumpfs) chegaram a ser entregues à PF. Fui liberado antes e tenho a impressão de que me libertaram pensando que eu poderia ser "ponto" para entregar alguém. Se enganaram, eu fechei meus contatos no período.


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