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Alejandro Stumpfs Mendoza
Para Stumpfs, pressão
internacional ajudou
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU
Hoje aposentado, Alejandro
Stumpfs Mendoza, 73, mora em
Foz do Iguaçu. Com o fim da era
Stroessner, foi membro da Junta
de Governo do Paraguai (período
Andrés Rodrigues) e responsável
pelos consulados em Foz do Iguaçu, Curitiba, Porto Alegre e Puerto Iguazu (Argentina).
Agência Folha - Como foi a prisão
do senhor?
Stumpfs - Eu voltava do cinema
com minha mulher. Bateram na
traseira do meu veículo. Saí do
carro e me sequestraram. Foi um
sequestro, porque eu não sabia
quem estava me prendendo e
nem para onde ia.
Agência Folha - Qual foi a reação
do sr.?
Stumpfs - Nenhuma. A reação
maior foi da minha mulher, que
ao ser deixada em Medianeira (cidade no oeste do PR) pegou um
pente de metralhadora do porta-luvas do carro dos militares. O
pente era exclusivo do Exército.
Isso ajudou a formar uma opinião
contra nossa prisão.
Agência Folha - Qual era o maior
medo do sr.?
Stumpfs - Era ser entregue ao
governo do Paraguai. Eu era contratante, na minha empresa, de
César Cabral e de Rodolfo Ramirez. Era militante do Mopoco
(Movimento Popular Colorado,
oposição a Stroessner no exílio) e,
se fosse entregue, seria morto como foram todos os opositores daquela época.
Agência Folha - Quais os motivos
para o sr. não ter sido entregue ao
governo paraguaio?
Stumpfs - Pressão. O Soley (Aníbal Abbate Soley) era um empresário forte em Foz do Iguaçu. O
papa Paulo 6º, o presidente Andrés Peres, da Venezuela, e a pressão no país, da maçonaria e do
Lions, ajudaram a nos manter no
Brasil.
Agência Folha - A sua morte chegou a ser noticiada na imprensa
brasileira recentemente. O sr. tinha conhecimento disso?
Stumpfs - Ultimamente não tenho lido muito, mas fiquei sabendo por meio de amigos. Foi uma
surpresa, mas é bom saber que estou vivo quando tem gente pensando que morri.
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