São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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Alejandro Stumpfs Mendoza
Para Stumpfs, pressão internacional ajudou

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

Hoje aposentado, Alejandro Stumpfs Mendoza, 73, mora em Foz do Iguaçu. Com o fim da era Stroessner, foi membro da Junta de Governo do Paraguai (período Andrés Rodrigues) e responsável pelos consulados em Foz do Iguaçu, Curitiba, Porto Alegre e Puerto Iguazu (Argentina).

Agência Folha - Como foi a prisão do senhor?
Stumpfs
- Eu voltava do cinema com minha mulher. Bateram na traseira do meu veículo. Saí do carro e me sequestraram. Foi um sequestro, porque eu não sabia quem estava me prendendo e nem para onde ia.

Agência Folha - Qual foi a reação do sr.?
Stumpfs
- Nenhuma. A reação maior foi da minha mulher, que ao ser deixada em Medianeira (cidade no oeste do PR) pegou um pente de metralhadora do porta-luvas do carro dos militares. O pente era exclusivo do Exército. Isso ajudou a formar uma opinião contra nossa prisão.

Agência Folha - Qual era o maior medo do sr.?
Stumpfs
- Era ser entregue ao governo do Paraguai. Eu era contratante, na minha empresa, de César Cabral e de Rodolfo Ramirez. Era militante do Mopoco (Movimento Popular Colorado, oposição a Stroessner no exílio) e, se fosse entregue, seria morto como foram todos os opositores daquela época.

Agência Folha - Quais os motivos para o sr. não ter sido entregue ao governo paraguaio?
Stumpfs
- Pressão. O Soley (Aníbal Abbate Soley) era um empresário forte em Foz do Iguaçu. O papa Paulo 6º, o presidente Andrés Peres, da Venezuela, e a pressão no país, da maçonaria e do Lions, ajudaram a nos manter no Brasil.

Agência Folha - A sua morte chegou a ser noticiada na imprensa brasileira recentemente. O sr. tinha conhecimento disso?
Stumpfs
- Ultimamente não tenho lido muito, mas fiquei sabendo por meio de amigos. Foi uma surpresa, mas é bom saber que estou vivo quando tem gente pensando que morri.


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