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Engenho invadido é a primeira área excluída da reforma agrária no ano
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TRACUNHAÉM (PE)
Após ter registrado pelo menos
80 invasões desde janeiro, o Ministério do Desenvolvimento
Agrário decidiu ontem aplicar pela primeira vez no governo Luiz
Inácio Lula da Silva a medida provisória editada na gestão de Fernando Henrique Cardoso contra esse tipo de ação dos sem-terra.
Por dois anos, o engenho Prado,
em Tracunhaém (64 km de Recife), ficará impedido de desapropriação para fins de reforma agrária. Ele foi invadido e incendiado
na última segunda-feira por lavradores ligados ao MST e à CPT
(Comissão Pastoral da Terra).
A MP 2.183, cuja primeira versão é de 2000, proíbe por dois
anos vistorias em terras invadidas
e exclui os invasores do programa
de reforma agrária.
Hoje o Incra deve começar os
trabalhos de vistoria nos quatro
engenhos vizinhos ao Prado.
O líder do principal dos três
acampamentos do engenho Prado, José Cícero de Melo, 46, da
CPT, disse que os acampados
concordaram com a alternativa
de desapropriar os outros quatro.
Há seis anos, os engenhos foram considerados improdutivos,
mas os laudos foram contestados
pela Justiça.
O outro ponto da MP -a exclusão dos invasores do processo de
reforma agrária- não deve ser
cumprido. Com estrutura sucateada, o Incra diz esperar que os
próprios fazendeiros informem
os nomes dos invasores.
Ontem, cerca de cem policiais
militares com metralhadoras, pistolas e bombas de efeito moral
montaram barreiras na rodovia
que passa em frente às áreas invadidas. "Diante dos atos de terrorismo que vimos, desprezamos o
trabalho de prevenção e passamos a atuar na repressão", afirmou o coronel da PM César Matos, responsável pela operação.
O coronel disse que pediu à Justiça autorização para uma operação de busca e apreensão nos acampamentos. Matos suspeita
que os sem-terra escondam sob a
terra armas e galões de gasolina
para fazer coquetéis Molotov.
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