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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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Lula lamenta invasões violentas e defende reforma agrária pacífica

WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A BALSAS (MA)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou ontem as invasões de terra feitas com violência e defendeu uma reforma agrária tranquila e pacífica, ao discursar em palanque na feira agrícola Agrobalsas, em Balsas (MA).
"Não é possível imaginar que num país deste tamanho, com a quantidade de terra que tem, precisa ter ocupação com violência contra quem quer que seja. Nós precisamos fazer uma reforma agrária tranquila e pacífica."
No dia 19, integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram o engenho Prado, em Tracunhaém (PE). Anteontem, o MST invadiu uma agência bancária em Maceió e uma prefeitura em Mato Grosso.
Sem citar esses casos, Lula disse que, "para fazer justiça social neste país, não precisa ter nenhuma briga". Segundo ele, reforma agrária significa terra, crédito, assistência técnica e garantia de preço: "Reforma agrária não é confinar os pequenos no campo para pegar carrapicho e carrapato".
Discursando ao lado da senadora Roseana Sarney (PFL-MA), Lula criticou as oligarquias nordestinas: "A fome causada pela seca muitas vezes é por falta de vergonha dos governantes do nosso país". Essas críticas, porém, não foram dirigidas à família Sarney, que detém a hegemonia política no Estado desde os anos 60. Lula começou seu discurso agradecendo à sua "querida companheira Roseana Sarney, que não vacilou em nenhum momento" em ajudá-lo na campanha de 2002.
Nas duas horas de viagem entre Brasília e Balsas, Lula ficou jogando baralho com Roseana e os senadores Edison Lobão (PFL) e João Alberto (PMDB), segundo um passageiro. Eles viajaram em um avião Brasília. Questionada se estava trabalhando para aproximar o PFL do governo Lula, Roseana desconversou. Afirmou apenas que apóia o governo e que tinha dito isso ao presidente do partido, Jorge Bornhausen (SC).
Em 15 minutos de discurso, Lula não mencionou a decisão do Copom de manter a taxa de juros em 26,5% ao ano. Disse apenas que havia chegado atrasado porque estava em uma reunião "muito importante" com empresários.
Sem citar Fernando Henrique Cardoso, que criticou a suposta falta de agenda do governo, disse: "Eu não tenho diploma universitário, mas este país vai ficar orgulhoso de ver como é que um torneiro mecânico formado no Senai pode cuidar deste país melhor do que alguns doutores que o governaram durante tantos anos".


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