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NO AR
Sem viés
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A nota do Copom veio curta e grossa:
- A política monetária começa a obter resultados... A consolidação da queda depende da manutenção... Decidiu por unanimidade... Sem viés.
O Banco Central afirmou seu poder: ele baixou a inflação, ele
manteve os juros -e ainda fechou com um toque próximo da
arrogância: "sem viés".
Daí o presidente da Câmara ter saído responsabilizando, pela manutenção dos juros, quem pressionou pela redução. Na expressão dele, no Jornal da Record, "os tagarelas".
A decisão de manter os juros
altos não seria assim fruto de
análise fria: seria uma resposta
à pressão, uma prova de poder
-e de que o BC de Lula está
quase lá, autônomo.
Ao menos de imediato, a reação foi menor do que prometia.
Dentre os "megaempresários"
-expressão da Globo- que
encontraram Lula, Antônio Ermírio de Moraes saiu dizendo
que precisava de um remédio
para dor-de-cabeça.
Mas Jorge Gerdau disse à Jovem Pan que a decisão não interfere na produção industrial.
O presidente da Vale também
aceitou sem reclamar.
As centrais sindicais lamentaram, bem como alguns parlamentares governistas e oposicionistas. Mas ficou por aí.
Pela pressão, foi anticlimático.
Lula mandou o ministro do Planejamento defender o BC. E
foi para o palanque posar ao lado de Roseana Sarney, entre críticas aos sem-terra.
De resto, só comentou publicamente a paralisação do Campeonato Brasileiro de futebol.
Criticou os cartolas, segundo a
rádio Bandeirantes.
Enquanto isso, já de manhã a
Globo ligava as câmeras para o
advogado do Flamengo, para os
diretores do Corinthians, do Internacional, do Vasco.
E fazia perguntas ao ministro
do Esporte com comentários como "os clubes colocaram empecilhos que realmente existem".
Ou, sobre o afastamento de cartolas: "seria intervenção do governo nos clubes?".
Depois de Cacá Diegues e Luiz
Carlos Barreto, Eurico Miranda
e Antonio Roque Citadini.
A primeira reação da Secretaria de Segurança do Rio, diante
do coronel que denunciou tráfico de influência do tráfico na segurança pública, foi acusá-lo de
ação político-partidária.
Seria ação de um deputado
oposicionista, supostamente relacionado ao coronel.
Desta vez, a tentativa de jogar
o problema para os outros não
durou nem um dia. Já ontem
Garotinho pedia que o coronel
não fosse punido.
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