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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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NO AR

Sem viés

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A nota do Copom veio curta e grossa:
- A política monetária começa a obter resultados... A consolidação da queda depende da manutenção... Decidiu por unanimidade... Sem viés.
O Banco Central afirmou seu poder: ele baixou a inflação, ele manteve os juros -e ainda fechou com um toque próximo da arrogância: "sem viés".
Daí o presidente da Câmara ter saído responsabilizando, pela manutenção dos juros, quem pressionou pela redução. Na expressão dele, no Jornal da Record, "os tagarelas".
A decisão de manter os juros altos não seria assim fruto de análise fria: seria uma resposta à pressão, uma prova de poder -e de que o BC de Lula está quase lá, autônomo.
Ao menos de imediato, a reação foi menor do que prometia. Dentre os "megaempresários" -expressão da Globo- que encontraram Lula, Antônio Ermírio de Moraes saiu dizendo que precisava de um remédio para dor-de-cabeça.
Mas Jorge Gerdau disse à Jovem Pan que a decisão não interfere na produção industrial. O presidente da Vale também aceitou sem reclamar.
As centrais sindicais lamentaram, bem como alguns parlamentares governistas e oposicionistas. Mas ficou por aí.
Pela pressão, foi anticlimático.
 
Lula mandou o ministro do Planejamento defender o BC. E foi para o palanque posar ao lado de Roseana Sarney, entre críticas aos sem-terra.
De resto, só comentou publicamente a paralisação do Campeonato Brasileiro de futebol. Criticou os cartolas, segundo a rádio Bandeirantes.
Enquanto isso, já de manhã a Globo ligava as câmeras para o advogado do Flamengo, para os diretores do Corinthians, do Internacional, do Vasco.
E fazia perguntas ao ministro do Esporte com comentários como "os clubes colocaram empecilhos que realmente existem". Ou, sobre o afastamento de cartolas: "seria intervenção do governo nos clubes?".
Depois de Cacá Diegues e Luiz Carlos Barreto, Eurico Miranda e Antonio Roque Citadini.
 
A primeira reação da Secretaria de Segurança do Rio, diante do coronel que denunciou tráfico de influência do tráfico na segurança pública, foi acusá-lo de ação político-partidária.
Seria ação de um deputado oposicionista, supostamente relacionado ao coronel.
Desta vez, a tentativa de jogar o problema para os outros não durou nem um dia. Já ontem Garotinho pedia que o coronel não fosse punido.


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