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GIRO DIPLOMÁTICO
Encontro do Grupo do Rio deve debater fortalecimento da ONU e estratégia conjunta em relação à Alca
Lula discute no Peru relações com os EUA
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A CUZCO
Confrontar os Estados Unidos
sem afrontá-los. É esse o espírito
que deve guiar as discussões dos
19 chefes de Estado e de governo
que se reúnem a partir de amanhã
na 17ª Cúpula do Grupo do Rio
em Cuzco (Peru). O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva chega
hoje à cidade histórica, antiga capital do império inca.
Lula desembarca às 15h locais
(17h de Brasília). No final da tarde, ele se encontra com o presidente do Peru, Alejandro Toledo, e, às 20h (22h de Brasília), janta
com os presidentes Vicente Fox
(México), Ricardo Lagos (Chile) e
Eduardo Duhalde (Argentina).
A confrontação política com os
EUA já começou com a condenação do Grupo do Rio à ação militar no Iraque e deve continuar
com o pedido de abertura de discussão sobre um novo papel para
a ONU (Organização das Nações
Unidas), na tentativa de fortalecê-la após o ataque americano sem o
aval explícito do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A principal confrontação econômica é a tentativa de construir
uma estratégia mínima de ação
dos países nas discussões da Alca
(Área Livre de Comércio das
Américas), que vem sendo chamada de "regionalismo aberto".
Nota da entidade
Com 17 anos de existência, articulado sob a liderança de Brasil,
México e Argentina, o Grupo do
Rio é um fórum político que permite a comunicação e contato
pessoal entre os chefes de Estado,
de governo e os chanceleres dos
19 países-membros.
Reunião dos chanceleres do
Grupo do Rio em março já havia
aprovado a elaboração de nota
condenando o ataque dos EUA ao
Iraque. "Lamentavelmente, não
se conseguiu uma solução pacífica para a crise no estrito cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança. O órgão se viu
superado, produzindo uma grave
quebra no sistema de segurança
coletiva", disse o ministro das Relações Exteriores do Peru, Allan
Wagner, país que dirige hoje o
grupo, conforme rodízio anual.
Os chanceleres aprovaram o início de esforços diplomáticos para
reiniciar com "urgência" o processo de reforma da ONU, para
ampliar sua eficácia.
No ano que vem, a presidência
do Grupo do Rio caberá ao Brasil,
que liderará as discussões sobre
um projeto da região para a ONU,
o que inclui a tentativa de apoio à
antiga reivindicação brasileira de
tornar-se um membro permanente do Conselho de Segurança.
Protestos
Cerca de 2.000 grevistas da área
de educação e de transportes do
Peru fizeram protesto ontem na
principal praça de Cuzco (a 1.100
km ao sudeste da capital Lima).
Cerca de 3.000 policiais dissolveram as manifestações com cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo e bloquearam ruas e acessos a hotéis onde começaram a
chegar as delegações diplomáticas. Pelo menos 12 pessoas foram
presas.
O sindicato dos trabalhadores
de educação, que entrou em sua
segunda semana de greve, promete novos confrontos para hoje e
para amanhã. Ontem o sindicato
de transportes também iniciou
uma greve.
Na segunda-feira, cerca de 400
grevistas impediram a passagem
do trem que levava cerca de 200
turistas de Cuzco a Machu Picchu.
A polícia teve de usar gás lacrimogêneo para dispersá-los. Houve
diversos outros confrontos entre
polícia e manifestantes, que fizeram bloqueios nas ruas de Cuzco.
O presidente Alejandro Toledo,
que se inclui entre a leva de esquerdistas no poder na América
do Sul ao lado de Lula e do venezuelano Hugo Chávez, passa por
um momento de baixa popularidade. Pesquisa realizada neste
mês mostra que apenas 14% da
população aprova seu governo, 16
pontos a menos do que em levantamento semelhante em janeiro
passado.
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