São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Mão na massa

Ministros e líderes aliados no Congresso repetem o bordão de que o governo não se envolverá na criação da "nova CPMF", mas vêm do Executivo a costura e o respaldo técnico para tocar o projeto.
Diante da dúvida sobre a possibilidade de instituir contribuição por lei complementar -instrumento que torna a aprovação mais fácil-, o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), foi incumbido de encomendar ao secretário da Receita, Jorge Rachid, um estudo jurídico-tributário que embase o melhor caminho para a proposta. Na próxima terça, caberá ao ministro José Gomes Temporão (Saúde) pilotar um novo almoço de líderes para alinhavar a proposta e colocá-la para andar em tempo recorde.



Metamorfose 1. Em reunião do PT no Rio, em 2005, Carlos Minc foi um dos parlamentares que usaram boné com os dizeres "Eu digo não a Angra 3". E ainda declarou: "Essa forma de geração de energia é cara, perigosa e desnecessária. Até a Alemanha, que pariu essa tecnologia, não quer mais usinas nucleares".

Metamorfose 2. Em 1982, Minc liderou o primeiro protesto contra a obra de Angra 1. Ontem, o agora ministro do Meio Ambiente disse que é "governo" e que cumprirá "o que for determinado".

Contramão. O "bloquinho", que reúne PSB, PC do B e PDT, comprou mais uma briga com o PT ao endossar, em carta a Lula e ministros, a escolha de Mangabeira Unger para coordenar o Plano Amazônia Sustentável. O texto diz que o PAS é "multidisciplinar" e, por isso, talhado para o titular do Longo Prazo.

Pré-feriado. Audiência com Mangabeira ontem na Câmara reuniu dez deputados pingados. Jornalistas foram convidados a ocupar cadeiras dos parlamentares para dar a impressão de sala cheia.

Reparação. Mais 30 sobreviventes do massacre de Eldorado dos Carajás serão indenizados pelo Pará. Cada um receberá R$ 20 mil e pensão mensal de R$ 415. Em 2007, o governo concedeu pensão idêntica e indenizações entre R$ 30 mil e R$ 90 mil para os 20 casos mais graves.

Carimbado. André Fernandes, pivô da divulgação do dossiê de despesas de FHC, foi vetado por Delcídio Amaral (PT-MS), quando presidente da CPI dos Correios, para ser um dos assessores com acesso aos documentos. Já na época, era considerado um "notório vazador".

Luz amarela 1. Não passou despercebida no Planalto a aliança PSDB-PRB em Salvador, que dará a Antonio Imbassahy um vice popular e bem posto nas pesquisas, o radialista Raimundo Varella. Auxiliares de Lula observam que, em caso de vitória do tucano, o presidenciável José Serra fincará pé num colégio eleitoral de porte e onde hoje não tem um palmo de chão.

Luz amarela 2. Ontem em Brasília, Imbassahy e Varella pediram o aval de Vitor Paulo dos Santos, presidente do PRB, partido do vice José Alencar. Santos negou e insistiu para que Varella seja candidato. Mas Alexandre Raposo, presidente da Rede Record, membro da Igreja Universal e um dos operadores da aliança, ainda trabalha para evitar um veto definitivo.

Acelera! O governador Jaques Wagner (PT-BA), que deu combustível a Imbassahy, agora prestes a ser turbinado pelo apoio de Varella, ganhou de correligionários o apelido carinhoso de "Barrichello".

Em queda. O Estado de São Paulo fechou abril com 324 homicídios, ou 9,36 por 100.000 habitantes. É o primeiro mês com taxa inferior a 10 por 100.000, considerada aceitável pela ONU e meta da administração para este ano.

Visita à Folha. João Sayad, secretário da Cultura de SP, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Percebe-se o quanto essa CPI é desqualificada pelo nível dos cães de guarda que o governo colocou para defender o José Aparecido.

Do deputado GUSTAVO FRUET (PSDB-PR), sobre a atuação do baixo clero governista no depoimento do ex-assessor da Casa Civil à CPI dos Cartões Corporativos.

Contraponto

No encalço da gramática

Conhecido desde a CPI dos Correios pelo inusitado de suas intervenções, Carlos Willian (PTC-MG) agora anima a tropa do governo na CPI "dos cartões corporativistas", como definiu o deputado logo no início dos trabalhos.
Na sessão de anteontem, o inquisidor Willian perguntou ao ex-assessor da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires se este tinha algum interesse em "defamar" o presidente Lula. Chamou André Fernandes de "arquitetador" do dossiê de despesas de FHC e atingiu seu ponto alto quando perguntou ao assessor tucano:
-Me diga uma coisa: o senhor estava há muito tempo no percalço dessas informações?


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