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Colômbia rejeita órgão de defesa para América do Sul
Presidente Álvaro Uribe contradiz ministro Nelson Jobim e esvazia proposta brasileira às vésperas de cúpula em Brasília
Colombiano diz que região já conta com a OEA e cita divergências com vizinhos; Chávez acusa o colega de ser "lacaio do império" dos EUA
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Às vésperas de ir a Brasília
para participar da cúpula da
Unasul (União de Nações Sul-Americanas), o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse
ontem que seu país não aderirá
à proposta brasileira para a
criação do Conselho Sul-Americano de Defesa. O anúncio
contradiz o ministro Nelson
Jobim (Defesa), para quem já
havia consenso sobre o tema.
"A Colômbia tem de deixar
seus pontos de vista claros, e
não é o momento para que a
Colômbia participe desse escritório de segurança", disse Uribe pela manhã à rádio "RCN".
O colombiano alegou que a
região já conta com a OEA (Organização dos Estados Americanos) e aludiu às divergências
com países vizinhos, entre os
quais o Brasil e a Venezuela, em
torno da classificação de grupos armados ilegais como "terroristas", principalmente as
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Temos esse problema do
terrorismo, que nos faz ser
muito cuidadosos na tomada
dessas decisões", afirmou.
O Brasil historicamente não
mantém uma lista de organizações terroristas e resiste às
pressões da Colômbia para
classificar as Farc como tal. Já
Hugo Chávez tem defendido
dar um status de "beligerância"
à guerrilha de esquerda.
O colombiano disse ainda
que já havia informado a Jobim
que não entraria no conselho
durante a visita do brasileiro a
Bogotá, em abril. Segundo ele, a
mesma negativa foi expressada
ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva durante a cúpula de Lima, na semana passada.
No entanto, Jobim afirmou,
na segunda-feira, na Bolívia,
que havia "uniformidade sobre
a criação" do conselho durante
a cúpula da Unasul, marcada
para amanhã. O ministro, que
nas últimas semanas visitou todos os países da região em busca de apoio, admitiu apenas que
"uns [países] estão mais entusiasmados e outros, menos".
A resistência de Uribe esvazia a proposta de Lula, lançada
em meio à crise diplomática de
Bogotá com Quito e Caracas
depois que um bombardeio colombiano em território equatoriano matou o então número
dois das Farc, Raúl Reyes, em
março. A idéia é que o conselho
melhore a cooperação na área
de defesa, mas sem estrutura
operacional, como é a Otan.
Segundo a Folha apurou, Lula não gostou da desistência de
Uribe, mas disse a assessores
que a ausência de só um país
não inviabilizará a iniciativa.
Horas depois da entrevista
de Uribe, Hugo Chávez acusou
o colega colombiano de ser "lacaio do império". "Uribe diz
que prefere a OEA, mas já sabemos o porquê, mas respeitamos o seu direito. (...) Lá estão
os que querem continuar sendo lacaios indignos do império
americano. Nós estamos dispostos a ser livres, soberanos e
dignos", disse, em cadeia nacional obrigatória de rádio e TV.
As relações entre Chávez e
Uribe pioraram na semana
passada, quando relatório da
Interpol (polícia internacional)
descartou adulterações em documentos encontrados nos
computadores de Reyes segundo os quais há forte colaboração da Venezuela com as Farc.
Colaborou CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA ,
da Reportagem Local
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