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Tensão não deve desaparecer com tratado
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Unasul (União de Nações Sul-americanas) ganha
amanhã seu tratado constitutivo, oficializando a idéia
lançada pelo presidente Lula
na cúpula de Cusco (Peru),
há quatro anos. O bloco surgiu como "comunidade",
mas a sigla "Casa" não agradou o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Depois de muita queixa, o
nome mudou. Os problemas
de integração, não. Até pioraram. Ontem, o presidente
colombiano, Álvaro Uribe,
cancelou a reserva no hotel
Meliá Brasília ao saber que
estariam hospedados lá o
presidente equatoriano, Rafael Correa, Chávez e o boliviano Evo Morales. Uribe decidiu pernoitar na suíte presidencial do Naoum Plaza.
O episódio, com ares de rixa de condomínio, traduz o
clima da reunião extraordinária convocada por Lula para tentar acertar o passo com
os vizinhos. A sede original
do encontro era a cidade de
Cartagena das Índias.
Mas Correa se recusa a pisar em solo colombiano desde que militares de Uribe invadiram o Equador para matar Raúl Reyes, porta-voz das
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Na
semana passada, o conflito
ganhou um novo capítulo,
com a divulgação da perícia
da Interpol sobre documentos que envolvem Chávez e
Correa com as Farc.
Lula pediu aos convidados
que evitem a retórica de confrontação. Ele quer aproveitar para fechar o projeto do
Conselho Sul-americano de
Defesa. A agenda prevê ainda
a divulgação de um "plano de
ação" da Unasul, resultado
de 16 meses de debate dos
grupos de trabalho. Também
será assinado um acordo que
permitirá o funcionamento
provisório da Secretaria Geral da Unasul e outro com
vistas à criação de um Parlamento sul-americano.
O professor Virgílio Arraes, da UnB, duvida da eficácia da Unasul. "Era preciso
reformular o que já temos,
como o Mercosul e a Comunidade Andina", disse.
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da
Comissão de Relações Exteriores do Senado, concorda:
"Me parece uma dispersão
de energia a criação de mecanismos paralelos".
O deputado federal Marcondes Gadelha (PSB-PB),
presidente da Comissão de
Relações Exteriores da Câmara, defende a Unasul:
"Não há conflito, e sim reforço à idéia integracionista".
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