São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Tensão não deve desaparecer com tratado

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Unasul (União de Nações Sul-americanas) ganha amanhã seu tratado constitutivo, oficializando a idéia lançada pelo presidente Lula na cúpula de Cusco (Peru), há quatro anos. O bloco surgiu como "comunidade", mas a sigla "Casa" não agradou o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Depois de muita queixa, o nome mudou. Os problemas de integração, não. Até pioraram. Ontem, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, cancelou a reserva no hotel Meliá Brasília ao saber que estariam hospedados lá o presidente equatoriano, Rafael Correa, Chávez e o boliviano Evo Morales. Uribe decidiu pernoitar na suíte presidencial do Naoum Plaza.
O episódio, com ares de rixa de condomínio, traduz o clima da reunião extraordinária convocada por Lula para tentar acertar o passo com os vizinhos. A sede original do encontro era a cidade de Cartagena das Índias.
Mas Correa se recusa a pisar em solo colombiano desde que militares de Uribe invadiram o Equador para matar Raúl Reyes, porta-voz das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Na semana passada, o conflito ganhou um novo capítulo, com a divulgação da perícia da Interpol sobre documentos que envolvem Chávez e Correa com as Farc.
Lula pediu aos convidados que evitem a retórica de confrontação. Ele quer aproveitar para fechar o projeto do Conselho Sul-americano de Defesa. A agenda prevê ainda a divulgação de um "plano de ação" da Unasul, resultado de 16 meses de debate dos grupos de trabalho. Também será assinado um acordo que permitirá o funcionamento provisório da Secretaria Geral da Unasul e outro com vistas à criação de um Parlamento sul-americano.
O professor Virgílio Arraes, da UnB, duvida da eficácia da Unasul. "Era preciso reformular o que já temos, como o Mercosul e a Comunidade Andina", disse.
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, concorda: "Me parece uma dispersão de energia a criação de mecanismos paralelos".
O deputado federal Marcondes Gadelha (PSB-PB), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, defende a Unasul: "Não há conflito, e sim reforço à idéia integracionista".


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