São Paulo, sexta-feira, 22 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Senado pede que Brasil não apoie egípcio

Na América do Sul, candidatura de Farouk Hosny à direção geral da Unesco não tem consenso

DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO

A CRE (Comissão de Relações Exteriores do Senado) vai pedir ao ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) para que o governo brasileiro retire o apoio à candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosny, à direção geral da Unesco (organização da ONU para a educação, ciência e cultura).
A comissão aprovou nesta quinta-feira requerimento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da CRE, com o pedido de recuo do governo -uma vez que o brasileiro Márcio Barbosa, vice-diretor da Unesco, disputa a vaga.
No requerimento, Azeredo diz que Barbosa "conta com apoios significativos de Estados membros de várias correntes com as quais o Brasil mantém fortes ligações diplomáticas". Para o presidente da CRE, o atual vice-diretor da Unesco tem o reconhecimento de autoridades políticas, intelectuais e científicas para ocupar o cargo.
Os senadores da comissão consideram Hosny uma figura "controversa" por ter ocupado o cargo de ministro por 20 anos, além de ter protagonizado condutas "antidemocráticas", que não teriam espaço no perfil exigido pela Unesco.
Em audiência na Câmara, na semana passada, Amorim disse que o Brasil fez uma opção "geopolítica" porque o governo busca a aproximação com países árabes e africanos, que apoiam a candidatura egípcia.
Para Amorim, as declarações antissemitas de Hosny foram "pouco felizes": "Tenho certeza de que ele pautará sua gestão à frente da Unesco por um diálogo de civilizações", afirmou.
Na América do Sul não há consenso sobre o egípcio. O comunicado final da segunda reunião de ministros da Cultura dos países árabes e sul-americanos, encerrado ontem à noite no Rio, "saúda o apoio e o endosso da Liga Árabe, do Brasil e do Chile" a Hosny, mas não lhe garante o apoio de todos os países da Cúpula América do Sul-Países Árabes, criada em 2005.
Isso significa que Argentina e Colômbia, os outros dois países sul-americanos que integram o Conselho Executivo da Unesco (que escolherá em setembro o novo diretor-geral), não fecharam o apoio a Hosny -que criou controvérsia ao dizer, em 2008, que queimaria livros em hebraico. À Folha, ele disse que a frase foi tirada de contexto e que foi a resposta irritada a um deputado da oposição islâmica contra a presença dos livros.
Hosny saiu do encontro enquanto a declaração final estava sendo negociada. A representante da Liga Árabe no encontro, Sima Bahous, fez questão de dizer que o o grupo está fechado com Hosny. Sete países árabes são do Conselho Executivo da Unesco.


Texto Anterior: Rio Grande do Sul: Após apoio do DEM, CPI contra Yeda depende de 3 deputados
Próximo Texto: Vice de Souza encabeça lista para escolha de novo PGR
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.