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Senado pede que Brasil não apoie egípcio
Na América do Sul, candidatura de Farouk Hosny à direção geral da Unesco não tem consenso
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
A CRE (Comissão de Relações Exteriores do Senado) vai
pedir ao ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) para
que o governo brasileiro retire
o apoio à candidatura do ministro da Cultura do Egito, Farouk
Hosny, à direção geral da Unesco (organização da ONU para a
educação, ciência e cultura).
A comissão aprovou nesta
quinta-feira requerimento do
senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG), presidente da
CRE, com o pedido de recuo do
governo -uma vez que o brasileiro Márcio Barbosa, vice-diretor da Unesco, disputa a vaga.
No requerimento, Azeredo
diz que Barbosa "conta com
apoios significativos de Estados membros de várias correntes com as quais o Brasil mantém fortes ligações diplomáticas". Para o presidente da CRE,
o atual vice-diretor da Unesco
tem o reconhecimento de autoridades políticas, intelectuais e
científicas para ocupar o cargo.
Os senadores da comissão
consideram Hosny uma figura
"controversa" por ter ocupado
o cargo de ministro por 20
anos, além de ter protagonizado condutas "antidemocráticas", que não teriam espaço no
perfil exigido pela Unesco.
Em audiência na Câmara, na
semana passada, Amorim disse
que o Brasil fez uma opção
"geopolítica" porque o governo
busca a aproximação com países árabes e africanos, que
apoiam a candidatura egípcia.
Para Amorim, as declarações
antissemitas de Hosny foram
"pouco felizes": "Tenho certeza
de que ele pautará sua gestão à
frente da Unesco por um diálogo de civilizações", afirmou.
Na América do Sul não há
consenso sobre o egípcio. O comunicado final da segunda reunião de ministros da Cultura
dos países árabes e sul-americanos, encerrado ontem à noite
no Rio, "saúda o apoio e o endosso da Liga Árabe, do Brasil e
do Chile" a Hosny, mas não lhe
garante o apoio de todos os países da Cúpula América do Sul-Países Árabes, criada em 2005.
Isso significa que Argentina e
Colômbia, os outros dois países
sul-americanos que integram o
Conselho Executivo da Unesco
(que escolherá em setembro o
novo diretor-geral), não fecharam o apoio a Hosny -que
criou controvérsia ao dizer, em
2008, que queimaria livros em
hebraico. À Folha, ele disse que
a frase foi tirada de contexto e
que foi a resposta irritada a um
deputado da oposição islâmica
contra a presença dos livros.
Hosny saiu do encontro enquanto a declaração final estava sendo negociada. A representante da Liga Árabe no encontro, Sima Bahous, fez questão de dizer que o o grupo está
fechado com Hosny. Sete países árabes são do Conselho
Executivo da Unesco.
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