São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

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PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010

Em NY, Dilma diz que não mexe na economia

Pré-candidata do PT também busca dar garantias a investidores estrangeiros de que não vai interferir na autonomia do BC

Para plateia de empresários e investidores, petista foi convincente, mas deve haver pouca diferença se ela ou Serra vencer a eleição


Gilberto Tadday/Folha Imagem
A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, mostra camisa do Brasil que ganhou da Bovespa, organizadora do encontro com investidores ontem em NY

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse a investidores estrangeiros, em Nova York, que um possível governo seu representará a continuidade das políticas econômicas implantadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre as principais questões estava a manutenção da autonomia do Banco Central, o que Dilma procurou dar garantias de que vai manter.
"Minha afirmação a eles [investidores] é que o Brasil vai continuar crescendo com inclusão social, mobilidade social ascendente e, ao mesmo tempo, manterá a estabilidade econômica perseguindo o controle da inflação", disse ela.
Dilma discursou por quase uma hora a um grupo em sua maioria formado por brasileiros, muitos ligados a instituições financeiras estrangeiras.
O encontro foi promovido pela Bovespa. Os dois outros principais pré-candidatos ao Planalto, José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), já foram convidados para eventos semelhantes nos próximos meses.
Uma das presenças estrangeiras, William Rhodes, conselheiro sênior do Citigroup, disse à Folha, após o discurso de Dilma, que "ela levantou metas muito importantes a serem alcançadas" e "todos ficaram impressionados com a profundidade dos conhecimentos dela".
"Acho que, como qualquer coisa na vida, você tem que estar na cadeira para garantir que seja feito. Mas ela tem experiência, com todo o tempo no governo Lula, e é uma expert na área de energia", afirmou.
"Você tem lá [no Brasil] dois candidatos muito fortes concorrendo à Presidência, porque José Serra também é muito experiente", completou.
Tom Glocer, principal executivo da Thomson Reuters, disse que, "do ponto de vista internacional, a maior parte dos seguidores do assunto acha que as políticas vão continuar sob qualquer um dos candidatos".
Para o economista José Scheinkman, professor de Princeton, Dilma levantou ainda "pontos importantes do que ainda precisa ser feito, como a reforma tributária, o investimento em pesquisa e tecnologia, a melhoria da educação, a racionalização do Estado".

Divisão dos louros
Em seu discurso, a ex-ministra insistiu em citar as conquistas do governo Lula e ressaltou sua participação na condução da maior parte do segundo mandato. Para ela, Lula colocou o Brasil em uma "nova era de prosperidade". Reconheceu, entretanto, que a boa situação econômica é resultado de políticas anteriores também.
"Não vou sofismar. Não acho que o estágio atual da economia brasileira seja fruto apenas desse governo. Acho que ele é fruto de um processo de amadurecimento dos governos do Brasil e da própria sociedade, que definitivamente não admite mais a inflação", disse a petista.
Dilma, criticada em sua campanha pela fala muito técnica, pôde soltar seu economês típico e citou dezenas de números e dados estatísticos.
Por três vezes citou o nome do deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que a acompanhava e que goza de bom trânsito com investidores e empresários fora do país. Atribuiu a ele o mérito de "introduzir grandes agendas econômicas" no governo Lula.
Acima de tudo, Dilma, que insiste em ser a única herdeira do legado de Lula, reforçou a ideia de que "o momento atual é de estabilizar conquistas".


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