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PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010
Em NY, Dilma diz que não mexe na economia
Pré-candidata do PT também busca dar garantias a investidores estrangeiros de que não vai interferir na autonomia do BC
Para plateia de empresários e investidores, petista foi convincente, mas deve haver pouca diferença se ela ou Serra vencer a eleição
Gilberto Tadday/Folha Imagem
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A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, mostra camisa do Brasil que ganhou da Bovespa, organizadora do encontro com investidores ontem em NY
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse
a investidores estrangeiros, em
Nova York, que um possível governo seu representará a continuidade das políticas econômicas implantadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre as principais questões
estava a manutenção da autonomia do Banco Central, o que
Dilma procurou dar garantias
de que vai manter.
"Minha afirmação a eles [investidores] é que o Brasil vai
continuar crescendo com inclusão social, mobilidade social
ascendente e, ao mesmo tempo, manterá a estabilidade econômica perseguindo o controle
da inflação", disse ela.
Dilma discursou por quase
uma hora a um grupo em sua
maioria formado por brasileiros, muitos ligados a instituições financeiras estrangeiras.
O encontro foi promovido
pela Bovespa. Os dois outros
principais pré-candidatos ao
Planalto, José Serra (PSDB) e
Marina Silva (PV), já foram
convidados para eventos semelhantes nos próximos meses.
Uma das presenças estrangeiras, William Rhodes, conselheiro sênior do Citigroup, disse à Folha, após o discurso de
Dilma, que "ela levantou metas
muito importantes a serem alcançadas" e "todos ficaram impressionados com a profundidade dos conhecimentos dela".
"Acho que, como qualquer
coisa na vida, você tem que estar na cadeira para garantir que
seja feito. Mas ela tem experiência, com todo o tempo no
governo Lula, e é uma expert
na área de energia", afirmou.
"Você tem lá [no Brasil] dois
candidatos muito fortes concorrendo à Presidência, porque
José Serra também é muito experiente", completou.
Tom Glocer, principal executivo da Thomson Reuters, disse
que, "do ponto de vista internacional, a maior parte dos seguidores do assunto acha que as
políticas vão continuar sob
qualquer um dos candidatos".
Para o economista José
Scheinkman, professor de
Princeton, Dilma levantou ainda "pontos importantes do que
ainda precisa ser feito, como a
reforma tributária, o investimento em pesquisa e tecnologia, a melhoria da educação, a
racionalização do Estado".
Divisão dos louros
Em seu discurso, a ex-ministra insistiu em citar as conquistas do governo Lula e ressaltou
sua participação na condução
da maior parte do segundo
mandato. Para ela, Lula colocou o Brasil em uma "nova era
de prosperidade". Reconheceu,
entretanto, que a boa situação
econômica é resultado de políticas anteriores também.
"Não vou sofismar. Não acho
que o estágio atual da economia
brasileira seja fruto apenas desse governo. Acho que ele é fruto
de um processo de amadurecimento dos governos do Brasil e
da própria sociedade, que definitivamente não admite mais a
inflação", disse a petista.
Dilma, criticada em sua campanha pela fala muito técnica,
pôde soltar seu economês típico e citou dezenas de números
e dados estatísticos.
Por três vezes citou o nome
do deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que a acompanhava e que
goza de bom trânsito com investidores e empresários fora
do país. Atribuiu a ele o mérito
de "introduzir grandes agendas
econômicas" no governo Lula.
Acima de tudo, Dilma, que
insiste em ser a única herdeira
do legado de Lula, reforçou a
ideia de que "o momento atual
é de estabilizar conquistas".
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