|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESIDENTE 40/ELEIÇÕES 2010
Falta perfil presidencial a Marina, diz mentor
Arcebispo de Porto Velho e amigo da pré-candidata do PV, d. Moacyr Grechi diz que ela é frágil e não consegue "reagir a pressão"
Para o religioso, porém, a pré-candidatura é positiva, por elevar o nível do debate eleitoral; Marina não quis comentar as declarações
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mentor político de Marina
Silva, o arcebispo de Porto Velho, d. Moacyr Grechi, 74, considera a pré-candidata do PV
frágil e sem o perfil de presidente da República.
"Não vejo nenhuma esperança de vitória. Falta nela o perfil
de presidente. Mais que perfil,
a capacidade de reagir a pressão
de todo o gênero. Ela é muito
frágil para aguentar", disse.
Amigo da senadora desde
1974, quando se conheceram
em Rio Branco, d. Moacyr afirmou à Folha que Marina tem
pouco "jogo de cintura" e que
sua fragilidade ficou comprovada quando ela dirigiu o Ministério do Meio Ambiente
(2003-20008). "Ela vivia em
uma angústia constante."
As declarações de d. Moacyr
Grechi, um dos expoentes da
ala progressista da Igreja Católica no Brasil, não ficaram restritas à reportagem.
"Falei a ela: "Marina, te vejo
melhor como senadora, porta-voz dessa problemática [ambiental], do que como candidata à Presidência, com pouquíssimo tempo para propaganda."
Na campanha, num bloco total de 25 minutos, a presidenciável do PV terá só 1min03s de
tempo no rádio e na TV.
Marina nutre carinho especial pelo arcebispo, segundo
amigos, e o considera essencial
para sua formação. Procurada,
ela não quis comentar as declarações do religioso.
D. Moacyr diz que falta à
amiga o "jogo de cintura" indispensável aos presidentes. "Marina tem dificuldade de fazer
acordo onde estiver em jogo
qualquer aspecto ético. Ela vai
ter dificuldade pelas profundas
convicções que tem, pessoais,
éticas e até religiosas."
Apesar das críticas, o arcebispo acredita que a pré-candidatura da senadora é positiva
por elevar o nível do debate.
Marina iniciou-se na atividade política por movimentos de
base da igreja, e d. Moacyr Grechi teve papel fundamental.
A senadora conheceu o religioso, que também a ajudou
nos muitos tratamentos médicos que fez, dois anos antes de
ser apresentada ao seringueiro
Chico Mendes, outra grande
referência da pré-candidata.
"Tornei-me uma espécie de
símbolo, mas era um trabalho
da igreja, que naquele contexto
foi uma espécie de útero fecundo para todo movimento popular. Marina se comprometia
muito", conta d. Moacyr, que
não tem filiação partidária.
Questionado pela Folha se
votaria na amiga, que é evangélica, ele rebateu: "Voto é secreto. Nem para minha mãe,
quando vinha no confessionário e perguntava em quem deveria votar, eu abria".
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Foco: Verdes "libertários" dizem que PV abandonou velhas causas e criam dissidência Índice
|