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foco
Verdes "libertários" dizem que PV abandonou velhas causas e criam dissidência
BERNARDO MELLO FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL
O contraste entre as crenças de Marina Silva e bandeiras libertárias que inspiraram
a criação do PV provocou a
primeira dissidência na sigla.
Com palavras de ordem
contra a pré-candidata ao Planalto, um grupo de militantes
rasgou suas carteirinhas e articula o lançamento de uma
nova legenda: o Partido Livre,
dedicado à defesa das minorias e de direitos individuais.
Os dissidentes afirmam que
a entrada da senadora, evangélica, fez o PV abandonar
causas históricas como a legalização do aborto e a união civil de homossexuais.
"Sofremos um estupro
ideológico", queixa-se a presidente do futuro partido, Rose
Losacco. "Ajudei a fundar o
PV e não posso admitir que joguem seu programa no lixo
por causa das crenças de uma
pessoa", diz.
Para receber Marina, os
verdes criaram uma cláusula
de consciência que permite a
filiados se opor a itens do estatuto do partido por convicções religiosas.
Avalista da ideia, o presidente do partido, José Luiz
Penna, é o principal alvo dos
rebeldes. "Ele parece o Fidel
Castro, não sai nunca do poder. Está usando até aquele
bonezinho verde", ataca Rose.
"Hoje o PV apoia todos os governos. Virou um partido de
aluguel", diz.
No cargo desde 1999, Penna
não quis comentar as críticas
e a criação da nova legenda.
A dissidência promove hoje
seu primeiro encontro nacional, em Belo Horizonte. Vai
anunciar apoio a Dilma Rousseff, do PT. A justificativa é
que ela apoiaria as causas renegadas por Marina.
Os dissidentes dizem ter recolhido "quase 100 mil" assinaturas, bem menos que as
468 mil exigidas para fundar
um partido. Apesar disso, fazem planos ambiciosos. "Vamos mostrar que o Livre veio
para mudar a história do Brasil", promete o vice-presidente Carlos Taborda.
O grupo ainda não atraiu
políticos com mandato, mas
sonha com o ministro Juca
Ferreira (Cultura), que se licenciou do PV para apoiar
Dilma. Ele recusou o convite.
Por enquanto, o maior desafio é escapar da sigla PL,
usada pelo antigo Partido Liberal (atual PR). "Queremos
cair fora dessa coisa de rótulos", diz Rose.
Esta semana, o PV sofreu
outra baixa em protesto contra Marina. O presidente do
Grupo Gay da Bahia, Marcelo
Cerqueira, anunciou que vai
trocar o partido pelo PT. Em
abril, um vereador verde de
Alfenas (MG) acusou a senadora de se recusar a receber
uma bandeira arco-íris.
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