São Paulo, sábado, 22 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Após denúncia de desvios, Assembleia do PR reduz cargos

Casa eliminou 640 dos 1.674 cargos comissionados; rombo com fantasmas chega a R$ 26 mi, afirma Ministério Público

Deputado diz que corte "foi uma resposta a clamor da sociedade'; Legislativo atribui responsabilidade por fraude a ex-diretor-geral


DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Assembleia Legislativa do Paraná cortou 40% dos cargos comissionados após uma série de denúncias envolvendo funcionários do alto escalão de seu setor administrativo.
Eles são suspeitos de criar um esquema de desvio de dinheiro por meio da nomeação de funcionários fantasmas.
No final de abril, por causa das acusações de corrupção, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa determinou a demissão dos 1.674 funcionários contratados pela Casa em cargos de comissão.
A maior parte deles - 1.034- foi recontratada pelos deputados, mas todos tiveram de fazer recadastramento e se apresentar para o serviço. Outros 640 cargos, o equivalente a 38%, foram eliminados por uma comissão interna.
O deputado estadual Durval Amaral (DEM), que participou da reavaliação do quadro de funcionários, disse que a redução "foi uma resposta ao clamor da sociedade" diante das denúncias de corrupção que atingiram a Assembleia.
Segundo o Ministério Público Estadual, cerca de R$ 26 milhões foram identificados como dinheiro desviado por meio do esquema dos funcionários fantasmas entre 1994 e 2009.
O volume de recursos, segundo o MP, pode ser maior -o que só vai ser verificado à medida que as investigações continuarem avançando.
A Mesa Diretora da Assembleia atribuiu toda a responsabilidade pelas irregularidades ao ex-diretor-geral da Casa Abib Miguel, conhecido como Bibinho, que está preso há 28 dias. Ele nega a acusação.
O caso vem sendo investigado pelo Ministério Público desde o mês de março deste ano.
As nomeações de fantasmas eram "oficializadas", de acordo com a investigação, em edições do "Diário da Assembleia", cuja circulação era restrita a poucos funcionários do setor administrativo e que não tinha periodicidade regular.
Deputados já pediram o afastamento do presidente da Casa, Nelson Justus (DEM), que já anunciou que não irá sair. Ele declarou estar colaborando com as investigações do Ministério Público Estadual.
A Mesa Diretora diz que vai informatizar as edições dos novos diários e disponibilizá-las nas próximas semanas em sua página oficial na internet.


Texto Anterior: Memória: Cerca de 60 corpos estão desaparecidos
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.