São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2001

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ROMBO AMAZÔNICO

Dom Jayme Chemello, presidente da entidade, afirma que "Senado deve apurar as irregularidades"

Para CNBB, acusações a Jader são "pesadas"

CAROLINA VILA-NOVA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Jayme Chemello, defendeu ontem a apuração das acusações contra o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). Segundo ele, as acusações são "pesadas e o Senado deve apurar as irregularidades".
"O Senado tem que defender sua honra", disse d. Jayme à Folha. "Não é ruim ser investigado. Pior é deixar lá", afirmou, referindo-se à necessidade de averiguar se as acusações são verdadeiras.
"Eu não quero condenar porque não sei o que é verdade. Ele próprio [Jader" diz que não é. Não pode condenar sem prova. Antes, é preciso provar", disse.
D. Jayme cobrou o Senado após entrevista coletiva para avaliar a campanha da fraternidade de 2001 -""Vida Sim, Drogas Não!"- e tratar do tema de 2002, que será "Fraternidade e Povos Indígenas", com o lema "Por uma terra sem males". É a primeira vez que a CNBB lança uma campanha da fraternidade sobre os índios.
Segundo a CNBB, o lançamento da campanha faz parte da celebração dos 500 anos do descobrimento do Brasil. A necessidade de demarcação das terras indígenas será um dos temas prioritários da campanha.
D. Jayme reconheceu que a Igreja Católica cometeu "uns pecadinhos" no seu trato com os índios no passado. "A igreja tem uma dívida sagrada com os povos indígenas", disse ele.
O bispo negou, no entanto, que a igreja fosse fazer uma avaliação de sua própria atuação em relação aos índios. "O passado passou. Não queremos revolver o passado para ficar falando mal dos portugueses, dos outros. Nossa preocupação é o hoje."

Crise energética
D. Jayme cobrou do governo os problemas causados pela crise de energia elétrica. "Não quero dizer que o governo erra em tudo, mas que devemos ser sinceros, bater no peito quando erramos."
Segundo ele, os técnicos vinham anunciando há muitos anos que iria faltar energia. Na avaliação de Chemello, o governo "não tomou as medidas que devia", apesar de ter conhecimento do problema, e não agiu de forma transparente.
"Mais do que investimentos, faltou uma política, faltou planejamento, faltou saber o que é prioridade para o país", criticou.
"É uma pena porque o "João povo" é quem vai pagar por isso."

Julgamento
A CNBB divulgou uma nota manifestando "indignação" pela absolvição de José Buarque de Gusmão Neto, fazendeiro acusado de ser o mandante do assassinato da sindicalista Margarida Maria Alves. O julgamento, em João Pessoa (PB), ocorreu no início da semana.
Buarque foi absolvido por cinco votos a dois. Margarida foi morta há 18 anos por defender os direitos de trabalhadores rurais do interior da Paraíba.


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