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FUNDOS
Investimento de R$ 45 milhões não dá retorno previsto por consultoras
Previ tem gasto de R$ 100 mil por mês com parque
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Inaugurado há um ano e meio, o
Magic Park Aparecida -parque
temático construído ao lado da
basílica Nossa Senhora Aparecida, a 167 Km de São Paulo- virou um pesadelo para a Previ
(Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil). Ela
já enterrou R$ 45 milhões no projeto e gasta R$ 100 mil por mês para mantê-lo funcionando.
O conselho deliberativo da Previ analisa hoje o relatório da auditoria interna que investigou as razões do fracasso do parque. A auditoria concluiu que o investimento foi baseado em projeções
erradas de empresas de consultoria externa, que superestimaram
o potencial de público.
O investimento foi aprovado
em junho de 1997, por indicação
do então diretor de investimentos, João Bosco Madeiro da Costa,
indicado para o cargo por Ricardo Sérgio Oliveira, ex-diretor da
área internacional do BB. Ambos
perderam os cargos quando o escândalo do grampo no BNDES revelou a tentativa de manipulação
dos fundos de pensão estatais no
leilão da Telebrás, em 1998.
O conselho deve propor ação
judicial contra as empresas de
consultoria que recomendaram o
negócio. A fundação não revela o
nome das consultoras, mas diz
que elas já foram retiradas do cadastro de prestadores de serviço.
Conselheiros ouvidos pela Folha disseram que dificilmente será proposta alguma ação contra o
ex-diretor de investimentos, porque o projeto foi aprovado pela
diretoria da Previ.
O Magic Park Aparecida foi oferecido à Previ pelo grupo italiano
Park Inn, dono de empreendimento semelhante na Itália.
A Previ informa ter contratado
duas empresas de consultoria para avaliar a viabilidade do projeto.
Elas concluíram que o parque
atrairia 2,6 milhões de visitantes
por ano (quase metade dos 6,4
milhões de romeiros que visitaram a basílica no ano passado) e
daria retorno financeiro anual de
14%. A Previ desembolsou R$
39,9 milhões por 49% do empreendimento, fora outros R$ 4,7
milhões gastos com despesas não
previstas. Os italianos ficaram
com o controle acionário (51%).
Segundo a Previ, a frequência de
público tem correspondido a apenas 11% do estimado pelos consultores. Em novembro de 1999,
foi rescindido o contrato que dava
à Park Inn o gerenciamento do
negócio. A administração passou
a ser do condomínio. Em 2000, a
diretoria da Previ sugeriu ao conselho uma auditoria interna.
O parque ocupa área de 96 mil
metros quadrados, próxima da
basílica. Sua principal atração é o
conjunto de 98 miniaturas de monumentos famosos, como a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel, o
Vaticano, a Casa Branca, o Coliseu e o Cristo Redentor. Há ainda
um presépio animado, um parque de diversões e 73 lojas de souvenires e alimentação. O ingresso
varia de R$ 3,90 a R$ 14,90.
O conselheiro Valmir Camilo
diz que a Previ pagou muito mais
pelo Magic Park do que o negócio
valia. ""O parque vale no máximo
R$ 10 milhões", afirmou.
O ex-diretor de investimentos
da Previ João Bosco Madeiro da
Costa não foi localizado pela reportagem. O irmão dele, Edson,
foi informado sobre o teor da reportagem e disse que Costa retornaria, se quisesse comentar o assunto, o que não aconteceu.
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