São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2001

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FUNDOS

Investimento de R$ 45 milhões não dá retorno previsto por consultoras

Previ tem gasto de R$ 100 mil por mês com parque

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Inaugurado há um ano e meio, o Magic Park Aparecida -parque temático construído ao lado da basílica Nossa Senhora Aparecida, a 167 Km de São Paulo- virou um pesadelo para a Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil). Ela já enterrou R$ 45 milhões no projeto e gasta R$ 100 mil por mês para mantê-lo funcionando.
O conselho deliberativo da Previ analisa hoje o relatório da auditoria interna que investigou as razões do fracasso do parque. A auditoria concluiu que o investimento foi baseado em projeções erradas de empresas de consultoria externa, que superestimaram o potencial de público.
O investimento foi aprovado em junho de 1997, por indicação do então diretor de investimentos, João Bosco Madeiro da Costa, indicado para o cargo por Ricardo Sérgio Oliveira, ex-diretor da área internacional do BB. Ambos perderam os cargos quando o escândalo do grampo no BNDES revelou a tentativa de manipulação dos fundos de pensão estatais no leilão da Telebrás, em 1998.
O conselho deve propor ação judicial contra as empresas de consultoria que recomendaram o negócio. A fundação não revela o nome das consultoras, mas diz que elas já foram retiradas do cadastro de prestadores de serviço.
Conselheiros ouvidos pela Folha disseram que dificilmente será proposta alguma ação contra o ex-diretor de investimentos, porque o projeto foi aprovado pela diretoria da Previ.
O Magic Park Aparecida foi oferecido à Previ pelo grupo italiano Park Inn, dono de empreendimento semelhante na Itália.
A Previ informa ter contratado duas empresas de consultoria para avaliar a viabilidade do projeto. Elas concluíram que o parque atrairia 2,6 milhões de visitantes por ano (quase metade dos 6,4 milhões de romeiros que visitaram a basílica no ano passado) e daria retorno financeiro anual de 14%. A Previ desembolsou R$ 39,9 milhões por 49% do empreendimento, fora outros R$ 4,7 milhões gastos com despesas não previstas. Os italianos ficaram com o controle acionário (51%).
Segundo a Previ, a frequência de público tem correspondido a apenas 11% do estimado pelos consultores. Em novembro de 1999, foi rescindido o contrato que dava à Park Inn o gerenciamento do negócio. A administração passou a ser do condomínio. Em 2000, a diretoria da Previ sugeriu ao conselho uma auditoria interna.
O parque ocupa área de 96 mil metros quadrados, próxima da basílica. Sua principal atração é o conjunto de 98 miniaturas de monumentos famosos, como a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel, o Vaticano, a Casa Branca, o Coliseu e o Cristo Redentor. Há ainda um presépio animado, um parque de diversões e 73 lojas de souvenires e alimentação. O ingresso varia de R$ 3,90 a R$ 14,90.
O conselheiro Valmir Camilo diz que a Previ pagou muito mais pelo Magic Park do que o negócio valia. ""O parque vale no máximo R$ 10 milhões", afirmou.
O ex-diretor de investimentos da Previ João Bosco Madeiro da Costa não foi localizado pela reportagem. O irmão dele, Edson, foi informado sobre o teor da reportagem e disse que Costa retornaria, se quisesse comentar o assunto, o que não aconteceu.



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