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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REAÇÃO OFICIOSA
Movimentos que assinam documento pedem mudanças na política econômica e a saída de Meirelles e Jucá na reforma ministerial
Para MST e CUT, elite quer desmoralizar Lula
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Liderados pelo MST, pela CUT e
pela UNE, entidades e movimentos sociais minimizaram ontem
denúncias de corrupção contra o
governo federal e divulgaram carta na qual cobram mudanças na
condução da política econômica.
O documento, "Carta ao Povo
Brasileiro", diz que a coordenação dos movimentos "é contra
qualquer tentativa de desestabilização do governo, patrocinada
pelos setores conservadores".
"De olho nas eleições de 2006, as
elites iniciaram, através dos meios
de comunicação, uma campanha
para desmoralizar o governo e o
presidente Lula", diz o texto, que
leva a assinatura de 42 entidades.
O coordenador nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stedile, classificou o chamado
"mensalão", denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), como "forçação de barra" e
"denunciazinha".
"Isso aí [mensalão] é "forçação"
de barra, senão [a denúncia] já teria vindo a público muito antes. É
"forçação" de barra da imprensa e
de quem denunciou. Cria-se então aquele factóide, aquela expectativa. Imagine se 200 deputados
recebessem R$ 200 mil todo mês,
haveria um carro forte na frente
do Congresso", disse Stedile.
Para a coordenação dos movimentos sociais, apurar somente a
corrupção seria "reducionismo" e
"pregação de moralismo".
O líder do MST disse ainda que
Lula deve aproveitar o momento
de crise política para "fazer do limão azedo uma limonada" e defendeu reforma ministerial na
qual fossem sacados o presidente
do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência,
Romero Jucá. Ambos respondem
a inquéritos no Supremo Tribunal Federal. O primeiro é acusado
de esconder patrimônio por meio
de operações financeiras supostamente irregulares, e o segundo, de
desviar recursos públicos.
"Por favor, presidente Lula,
aproveite esse clima e faça uma
limpeza nos ministérios que não
estão claramente comprometidos
com o povo ou onde há suspeição
apresentada pelo Ministério Público Federal. Aproveite e se livre
do Meirelles antes que tenhamos
de fazer manifestação no Banco
Central. [Livre-se] do Romero Jucá também", disse Stedile.
O presidente da CUT (Central
Única dos Trabalhadores), Luiz
Marinho, disse não acreditar no
pagamento de mesadas. "Não
acredito na capacidade do PT de
levantar esse valor."
A carta dos movimentos sociais
critica a política econômica, basicamente as taxas de juros, classificadas como as "mais altas do
mundo", e a atual meta de superávit primário (economia de receitas sem considerar gastos com juros), de 4,25% do PIB.
"Se o governo Lula não mudar
agora [os rumos da economia], a
tendência é agonizar até 2006",
declarou o presidente da UNE
(União Nacional dos Estudantes),
Gustavo Peta.
O texto pede investigação de denúncias de compra de votos na
votação da emenda da reeleição e
dos processos de privatizações
ocorridos sob Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
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