São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/REAÇÃO OFICIOSA

Movimentos que assinam documento pedem mudanças na política econômica e a saída de Meirelles e Jucá na reforma ministerial

Para MST e CUT, elite quer desmoralizar Lula

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Liderados pelo MST, pela CUT e pela UNE, entidades e movimentos sociais minimizaram ontem denúncias de corrupção contra o governo federal e divulgaram carta na qual cobram mudanças na condução da política econômica.
O documento, "Carta ao Povo Brasileiro", diz que a coordenação dos movimentos "é contra qualquer tentativa de desestabilização do governo, patrocinada pelos setores conservadores".
"De olho nas eleições de 2006, as elites iniciaram, através dos meios de comunicação, uma campanha para desmoralizar o governo e o presidente Lula", diz o texto, que leva a assinatura de 42 entidades.
O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stedile, classificou o chamado "mensalão", denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), como "forçação de barra" e "denunciazinha".
"Isso aí [mensalão] é "forçação" de barra, senão [a denúncia] já teria vindo a público muito antes. É "forçação" de barra da imprensa e de quem denunciou. Cria-se então aquele factóide, aquela expectativa. Imagine se 200 deputados recebessem R$ 200 mil todo mês, haveria um carro forte na frente do Congresso", disse Stedile.
Para a coordenação dos movimentos sociais, apurar somente a corrupção seria "reducionismo" e "pregação de moralismo".
O líder do MST disse ainda que Lula deve aproveitar o momento de crise política para "fazer do limão azedo uma limonada" e defendeu reforma ministerial na qual fossem sacados o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência, Romero Jucá. Ambos respondem a inquéritos no Supremo Tribunal Federal. O primeiro é acusado de esconder patrimônio por meio de operações financeiras supostamente irregulares, e o segundo, de desviar recursos públicos.
"Por favor, presidente Lula, aproveite esse clima e faça uma limpeza nos ministérios que não estão claramente comprometidos com o povo ou onde há suspeição apresentada pelo Ministério Público Federal. Aproveite e se livre do Meirelles antes que tenhamos de fazer manifestação no Banco Central. [Livre-se] do Romero Jucá também", disse Stedile.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, disse não acreditar no pagamento de mesadas. "Não acredito na capacidade do PT de levantar esse valor."
A carta dos movimentos sociais critica a política econômica, basicamente as taxas de juros, classificadas como as "mais altas do mundo", e a atual meta de superávit primário (economia de receitas sem considerar gastos com juros), de 4,25% do PIB.
"Se o governo Lula não mudar agora [os rumos da economia], a tendência é agonizar até 2006", declarou o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Gustavo Peta.
O texto pede investigação de denúncias de compra de votos na votação da emenda da reeleição e dos processos de privatizações ocorridos sob Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).


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