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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/EM REFORMA
O ministro do Conselhão diz que aceitaria Coordenação Política caso fosse convidado; Lula quer Planalto com perfil mais técnico e menos político
Lula sonda Wagner para substituir Aldo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Jaques Wagner
(Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social) foi sondado
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para ser o novo coordenador político do governo. "Claro
[que aceitaria]. Sou um soldado
do projeto", disse Wagner, segundo a Folha apurou.
Ainda hesitante, o presidente
não bateu o martelo porque mantém a dúvida a respeito da conveniência de extinguir a pasta da
Coordenação Política, hoje ocupada por Aldo Rebelo (PC do B).
O cenário mais provável até ontem à noite era Wagner continuar
no Conselhão e acumular as atribuições de Aldo, atuando como o
ministro do Planalto que lida com
os articuladores do Legislativo.
Nas palavras de um auxiliar, Lula disse que deseja "tirar a política" do Planalto e dar ao local um
perfil "mais gerencial". A escolha
de Dilma Rousseff para a Casa Civil já foi um movimento nessa linha. Obviamente, é impossível
eliminar a política do Planalto. O
que Lula quer é diminuir o peso
dela lá dentro, transferindo a parte mais pesada dessa operação diretamente ao Congresso.
Ponte
Se confirmado, Wagner funcionaria como ponte com o Congresso Nacional. O comando seria dividido entre Dirceu, na Câmara, e
o líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP).
O presidente avalia que um dos
erros que cometeu foi permitir a
convivência dentro do Planalto
desde janeiro de 2004, quando fez
a primeira reforma ministerial,
entre auxiliares eminentemente
políticos que se digladiavam nos
bastidores: Dirceu e Aldo.
Para Lula, esse "duplo comando" produziu intrigas e, sobretudo, conflitos. Exemplo: Dirceu era
a favor da emenda constitucional
que permitiria a reeleição dos ex-presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, João Paulo
Cunha (PT-SP) e José Sarney
(PMDB-AP). Aldo se aliou a Renan Calheiros, hoje presidente do
Senado, e bombardeou a proposta. Esse conflito está na gênese da
crise política -a partir dele, teve
início um processo de desarranjo
que resultou em Severino Cavalcanti para presidir a Câmara.
Nesse contexto, Lula poderia
acabar com a pasta de Aldo, o
que, de quebra, facilita a sua demissão. Aldo não deseja reassumir o mandato de deputado
-prefere um ministério. Nos
bastidores, Wagner recebeu o
apoio de Dirceu e da nova ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff,
depois que Marcelo Déda foi sondado para o lugar de Aldo.
Governo baiano
Ex-deputado federal, Wagner
alimenta o desejo de ser candidato a governador da Bahia em
2006, posto que já disputou em
2002. Não está claro, porém, se ele
deixaria de ser candidato ou se
sairia do ministério até 30 de abril
do ano que vem, prazo-limite para quem deseja disputar eleição
deixar seus postos no Executivo.
Amigo de Lula, que o chama na
intimidade de "Galego", Wagner
decidiria de acordo com o desejo
do presidente. Na reforma ministerial de 2004, Lula pediu seu cargo à época, o de ministro do Trabalho, para segurar Ricardo Berzoini no primeiro escalão. Berzoni foi transferido da Previdência
para o Trabalho em janeiro de
2004. Lula considerou o gesto de
Wagner "desprendido" e o alçou
às reuniões de Coordenação de
Governo, nas quais são traçadas
diretrizes do governo.
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