São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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Ex-presidente do IRB diz à PF que mentiu sobre pedido de R$ 400 mil

JOSÉ MESSIAS XAVIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ex-presidente do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) Lídio Duarte afirmou ontem, em seu segundo depoimento à Polícia Federal, que mentiu para a revista "Veja" quando disse que foi procurado pelo empresário Henrique Brandão, dono da corretora Assurê, que lhe pediu R$ 400 mil em nome do deputado Roberto Jefferson. Duarte alegou que não sabia que sua conversa com o repórter da revista seria usada para a publicação da reportagem.
O delegado federal Luiz Flávio Zampronha, que preside o inquérito que apura corrupção em contratos do IRB com empresas estatais, admitiu que, com o depoimento de ontem, a investigação terá de mudar de rumo, pois Lídio Duarte era considerado uma testemunha-chave pela PF.
Os investigadores, agora, terão de buscar provas materiais para tentar localizar o que ele chama de "focos de corrupção" no instituto. Henrique Brandão, inclusive, será chamado para depor na PF, mas sem data marcada.
Hoje, Zampronha deverá ir à sede do IRB no Rio para acompanhar auditoria que está sendo feita nos contratos do instituto com as empresas estatais, principalmente nos relativos à Eletronuclear, à Infraero e a Furnas.
Dados apurados preliminarmente apontam que houve um crescimento -considerado significativo por ele- da participação da Assurê no número de contratos do IRB.
O delegado afirmou, entretanto, que há outras seguradoras envolvidas, mas não citou os nomes das empresas. O relatório da auditoria no IRB deveria estar pronto na quinta-feira, mas seu prazo de entrega será prorrogado. Ainda não há data definida para finalização.

Contradição
O depoimento de Lídio Duarte demorou duas horas e vinte minutos. Ele chegou à sede da PF, na Praça Mauá, às 16h, e saiu às 18h20. Para evitar falar com os jornalistas, entrou e saiu do pátio da PF em um carro com vidro fumê, sem ser percebido.
O ex-presidente do IRB foi chamado a depor pela segunda vez na PF para esclarecer uma contradição em seu primeiro depoimento, que ocorreu no dia 2.
Naquele dia, ele afirmou que não havia dado nenhuma entrevista para a revista "Veja" acusando Jefferson de tentar cobrar dinheiro dele por intermédio de Henrique Brandão. A revista revelou que tinha as fitas comprovando a entrevista e divulgou o conteúdo delas.
No depoimento de ontem, Duarte disse que foi apresentado ao repórter da revista por um amigo, que, inclusive, passou-lhe a ligação. O ex-presidente do IRB, então, conversou por telefone com o repórter e considerou apenas uma "conversa particular", sem maiores conseqüências, afirmando que não sabia que o que ele falava seria publicado.
A PF cogitou, inicialmente, indiciar Lídio Duarte por crime de falso testemunho.
No entanto, de acordo com o delegado Zampronha, ele não pode ser enquadrado nesse caso, pois a caracterização de falso testemunho ocorre quando a pessoa que presta depoimento mente após a sentença judicial.


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