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Ex-presidente do IRB diz à PF que
mentiu sobre pedido de R$ 400 mil
JOSÉ MESSIAS XAVIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ex-presidente do Instituto de
Resseguros do Brasil (IRB) Lídio
Duarte afirmou ontem, em seu segundo depoimento à Polícia Federal, que mentiu para a revista
"Veja" quando disse que foi procurado pelo empresário Henrique
Brandão, dono da corretora Assurê, que lhe pediu R$ 400 mil em
nome do deputado Roberto Jefferson. Duarte alegou que não sabia que sua conversa com o repórter da revista seria usada para a
publicação da reportagem.
O delegado federal Luiz Flávio
Zampronha, que preside o inquérito que apura corrupção em contratos do IRB com empresas estatais, admitiu que, com o depoimento de ontem, a investigação
terá de mudar de rumo, pois Lídio
Duarte era considerado uma testemunha-chave pela PF.
Os investigadores, agora, terão
de buscar provas materiais para
tentar localizar o que ele chama de
"focos de corrupção" no instituto.
Henrique Brandão, inclusive, será
chamado para depor na PF, mas
sem data marcada.
Hoje, Zampronha deverá ir à sede do IRB no Rio para acompanhar auditoria que está sendo feita nos contratos do instituto com
as empresas estatais, principalmente nos relativos à Eletronuclear, à Infraero e a Furnas.
Dados apurados preliminarmente apontam que houve um
crescimento -considerado significativo por ele- da participação da Assurê no número de contratos do IRB.
O delegado afirmou, entretanto,
que há outras seguradoras envolvidas, mas não citou os nomes das
empresas. O relatório da auditoria no IRB deveria estar pronto na
quinta-feira, mas seu prazo de entrega será prorrogado. Ainda não
há data definida para finalização.
Contradição
O depoimento de Lídio Duarte
demorou duas horas e vinte minutos. Ele chegou à sede da PF, na
Praça Mauá, às 16h, e saiu às
18h20. Para evitar falar com os
jornalistas, entrou e saiu do pátio
da PF em um carro com vidro fumê, sem ser percebido.
O ex-presidente do IRB foi chamado a depor pela segunda vez na
PF para esclarecer uma contradição em seu primeiro depoimento,
que ocorreu no dia 2.
Naquele dia, ele afirmou que
não havia dado nenhuma entrevista para a revista "Veja" acusando Jefferson de tentar cobrar dinheiro dele por intermédio de
Henrique Brandão. A revista revelou que tinha as fitas comprovando a entrevista e divulgou o
conteúdo delas.
No depoimento de ontem,
Duarte disse que foi apresentado
ao repórter da revista por um
amigo, que, inclusive, passou-lhe
a ligação. O ex-presidente do IRB,
então, conversou por telefone
com o repórter e considerou apenas uma "conversa particular",
sem maiores conseqüências, afirmando que não sabia que o que
ele falava seria publicado.
A PF cogitou, inicialmente, indiciar Lídio Duarte por crime de
falso testemunho.
No entanto, de acordo com o
delegado Zampronha, ele não pode ser enquadrado nesse caso,
pois a caracterização de falso testemunho ocorre quando a pessoa
que presta depoimento mente
após a sentença judicial.
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