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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO
Fernanda Somaggio prestou novo depoimento à PF na noite de ontem; segundo advogado, ela contará na CPI dos Correios o que disse
Ex-secretária de Valério diz que foi ameaçada
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Fernanda Karina Ramos Somaggio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério Fernandes
de Souza na SMPB Comunicação,
disse que a entrevista que deu à
revista "IstoÉ Dinheiro" não foi
distorcida. Quando indagada se
isso ocorreu, já que recuara depois em depoimento na Polícia
Federal, respondeu: "Não, não".
Em novo depoimento prestado
ontem à noite à PF, Somaggio falou por cerca de uma hora e meia,
disse seu novo advogado [desde a
última segunda], Rui Caldas Pimenta. Segundo ele, a ex-secretária foi "convocada por meio de
um telefonema" para comparecer
à PF. Ele, porém, não explicou os
motivos, já que, pelo horário do
depoimento, que começou por
volta das 19h30, a entrevista que
ela concedera à tarde na TV Globo de Belo Horizonte ainda não
tinha ido ao ar.
De acordo com Pimenta, Somaggio confirmou à polícia o que
dissera à "IstoÉ Dinheiro", sobre
as supostas "malas de dinheiro" e
as relações do seu ex-patrão com
o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o secretário-geral da sigla,
Sílvio Pereira. Somaggio está sendo processada por Valério por
tentativa de extorsão.
O advogado também disse que
foi solicitada proteção policial para sua cliente, já que ela sofreu
ameaças e, por isso, teria negado
as informações no depoimento
que prestou à PF na semana passada. Ele disse que a PF vai dar a
segurança. Ninguém na PF foi encontrado ontem à noite para comentar o novo depoimento.
Pimenta disse que tudo que Somaggio falou à PF será dito à CPI
dos Correios e ao Conselho de Ética da Câmara. Indagado se a ex-secretária de Valério tinha documentos, ele afirmou: "A prova é
ela, porque ela é a testemunha".
Como parte da sua estratégia na
defesa no processo que Valério
move contra Somaggio por suposta "extorsão", segundo o advogado, está a entrevista que ela
concedeu ontem ao "Jornal Nacional" da TV Globo.
Na entrevista de ontem, a ex-secretária reafirmou as informações
que estavam na revista "IstoÉ Dinheiro". Além disso, acrescentou
novas revelações ao caso.
Disse que, em outubro ou novembro de 2003, acompanhou
um depósito de R$ 50 mil da empresa de Valério na conta do ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, tendo providenciado o contato com a pessoa que
lidava com Pimenta.
Ao "Jornal Nacional", o ex-ministro disse que a quantia se referia a honorários advocatícios, de
quando começou a trabalhar para
a SMPB em 2003, um ano após ter
deixado o governo FHC.
Somaggio ainda disse que presenciou o despacho de dinheiro
para um homem que foi à agência
identificando-se como irmão de
Anderson Adauto, ex-ministro
dos Transportes. Ela afirma que
não sabe precisar a quantia, mas
que era "em torno de R$ 100 mil,
R$ 150 mil". Ao "Jornal Nacional", Adauto disse que seu envolvimento com a agência era devido
ao planejamento de sua campanha a prefeito de Uberaba, que a
SMPB havia feito.
Questionada sobre qual caso
mais a intrigou dentro da empresa, Somaggio disse que foi em relação à licitação dos Correios,
vencida pela SMPB. "Chamou
atenção porque antes de sair o resultado [da licitação] a festa para a
empresa já estava pronta. Já havia
festa marcada. Festa regada a
Moet Chandon."
Em nota, a SMPB negou todas
as acusações feitas pela ex-secretária. A assessoria de Marcos Valério disse que ele só se pronunciará na Justiça.
Depoimento
A Folha solicitou ao advogado
uma entrevista com a secretária.
Ele disse que ontem não seria possível porque não sabia onde ela
estava, mas que ela poderá falar
hoje. O telefone da casa dela não
foi atendido durante toda a tarde
e noite de ontem. O advogado disse que a Procuradoria em Minas
também já entrou em contato para tomar seu depoimento.
Sobre a ameaça que ela disse ter
recebido, o advogado afirmou:
"Ela me disse que foi intimidada.
Um motoqueiro avisou que, se ela
confirmasse a entrevista, a filha
dela ia ser seqüestrada." À Globo,
Somaggio confirmou o episódio.
Com a Folha, pela manhã, ela
disse que não retirou nenhum documento da agência. Disse que a
agenda onde anotava os compromissos de Valério, que entregou à
PF, era um objeto de propriedade
sua. Devido a um documento publicado pela revista, sobre o suposto pagamento de honorários a
Pimenta da Veiga, Valério entrou
na Justiça com acusação de fraude
qualificada. Quer que isso entre
no processo que ela responde.
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