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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Nos picadeiros
O suspense já vinha do dia
anterior e recomeçou com
o "Bom Dia Brasil":
- A CPI dos Correios começa
hoje com Maurício Marinho,
flagrado ao receber propina.
Foi para o jornal "Hoje", "o
primeiro a falar será Marinho".
E avançou tarde adentro com
um repórter dizendo ao vivo,
num intervalo da Globo, que "o
depoimento mais aguardado
começa daqui a pouco".
Os canais de notícias entraram
da CPI no início da noite, mas
nada de depoimento, só questão
de ordem etc. Na boca de cena,
os nobres César Borges, Denise
Frossard, Ney Suassuna, José
Eduardo Cardozo, ACM Neto
-e ela, Heloísa Helena.
Marinho só foi surgir minutos
antes do "Jornal Nacional".
Abriu o "circo", na expressão de
um integrante da CPI, ontem.
Marinho, dedo em riste:
- Não sou bandido!
Seguiu-se um debate curioso
dos parlamentares, sobre seu
eventual "direito de mentir".
Mas não, não foi Maurício
Marinho a estrela do "JN".
Foi Fernanda Karina Ramos
Somaggio, a ex-secretária do
publicitário Marcos Valério. Ela
surgiu longamente no primeiro
bloco do telejornal, repetindo,
entre outras coisas:
- Foi do dia para a noite, seu
Marcos começou a ligar para o
Delúbio e aí eles ficaram amigos
do peito... Quando ele saía para
as reuniões com o pessoal do
PT, passava no andar de baixo, o
departamento financeiro, e saía
com a mala... Vi negociações na
agência entre o senhor Marcos,
senhor Delúbio e senhor Sílvio...
Sei que ele conversava muito
com o senhor Dirceu.
A novidade maior, em relação
ao que a ex-secretária falou à
"IstoÉ Dinheiro", foi que a Rede
Globo bancou seu testemunho.
Foi a primeira manchete:
- Exclusivo! Testemunha de
acusação no caso "mensalão"
reafirma que malas de dinheiro
saíram da empresa de Marcos
Valério para políticos.
Também na escalada:
- Fernanda Karina diz por
que não confirmou as acusações
no depoimento à polícia.
E a ex-secretária:
- Um motoqueiro disse que,
se eu falasse, eu colocaria a vida
da minha filha em risco.
Durante a tarde inteira, em
suspense e sem ter o que cobrir,
canais de notícias, rádios e sites
arrastaram o Conselho de Ética,
com Miro Teixeira. O deputado
falou, falou e o que sobrou, para
a Globo, foi o seguinte:
- Confirmou que Jefferson
contou sobre o "mensalão", mas
que não falou em valores, não
disse quem recebia nem quem
comandaria. Propôs levar a Lula
e ao plenário. Jefferson não fez
uma coisa nem outra.
Até chegar a tal sumário foram
horas sem fim, assistindo aos
nobres Benedito de Lira, Carlos
Sampaio, Ann Pontes, Eduardo
Moreira, Gustavo Fruet -e por
fim ela, que não é uma Heloísa
Helena, Luciana Genro.
Pela escalação, ficou evidente
que o governo e as oposições só
querem saber da CPI.
UM DESABAFO
Em especulação há dias, o pronunciamento de Lula em
rede pelo jeito foi substituído por seu discurso, ontem.
Em temporada de cobertura ao vivo, foi transmitido pela
Band News e virou manchete, com enunciados como
"Lula diz ter moral para combater corrupção", na Folha
Online, e "Lula diz que ninguém tem mais autoridade
que ele para combater corrupção", na Record. Passagem
destacada nas Globos, que descreveram o discurso como
"um desabafo" e "contundente":
- Fico me perguntando se é isso mesmo que querem,
porque, se querem o combate à corrupção, as pessoas
deveriam estar todas, sobretudo as que me acusam,
aplaudindo o governo. Nenhum fez contra a corrupção
20% do que estamos fazendo.
Palavras, palavras, mas é o presidente na defesa.
LULA LÁ
washingtonpost.com/Reprodução
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Lula e a primeira-dama Marisa, ontem no "WP" |
Foram necessários
cinco dias para o jornal
"Washington Post" dar,
afinal, a queda de José
Dirceu, que foi saudado
em Washington meses
atrás, inclusive por um
jantar do "WP". Sob o
título "Um escândalo de
suborno é agora uma crise para o presidente do Brasil", à
pág. A15, relata longamente como "as histórias de malas
de dinheiro" e outras "transfixaram" os brasileiros. Mas,
escreve o enviado a São Bernardo do Campo, "poucos no
Brasil estão descartando Lula":
- O antigo torneiro mecânico construiu uma carreira
política incomum, superando obstáculos e desafiando as
expectativas.
O texto fechou com o chanceler Celso Amorim:
- Se você olhasse para Lula há 30 anos e dissesse, "este
cara será presidente", as pessoas o chamariam de louco...
Ele lutou contra todas as probabilidades.
@ - nelsondesa@folhasp.com.br
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