São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O ALIADO

Deputado do PP é acusado por desvio de dinheiro em empresa municipal de Londrina

Ministério Público ajuíza três ações contra Janene

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O Ministério Público do Paraná ajuizou ontem seis novas ações civis com denúncias de corrupção na Prefeitura de Londrina na gestão do prefeito Antônio Belinati (hoje no PP), cassado em maio de 2000. O deputado federal José Janene (PP), apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como um dos operadores do "mensalão" na Câmara, aparece como réu em três das seis ações.
Na principal ação, em que o Ministério Público aponta desvios de R$ 1,109 milhão na Comurb (Companhia Municipal de Urbanismo), autarquia municipal hoje chamada CMTU, com falsas licitações e notas frias, Janene e sua mulher, Stael Fernanda Rodrigues de Lima Janene, aparecem como beneficiários de um esquema de notas frias duma gráfica.
Na ação, os promotores da Promotoria Especial de Defesa do Patrimônio Público de Londrina, acusam Janene de pagar despesas de campanha da sua reeleição à Câmara com dinheiro originado dos desvios na Comurb.
Um outra ação, acusa Janene e sua mulher de serem beneficiados com R$ 25 mil de um montante de R$ 148 mil, desviados da Comurb através de uma licitação fraudulenta. A terceira ação envolve depósitos na conta de auxiliares, da mulher, de um primo de Janene, Meheidin Jenani, e de sua mulher, Rosa Alice Valente. Stael Fernanda, mulher de Janene, Meheidin e Rosa Alice Valente trabalham no escritório do deputado federal em Londrina.
A funcionária do grupo Principal/Tâmara -que prestava serviços de roçagem e limpeza pública para a gestão do prefeito Antônio Belinati (de 1996 até a cassação, em maio de 2000)- Vania Maria Jolo declarou que fazia depósitos em contas de Stael, de Meheidin ou ia pessoalmente ao escritório de Janene, no bairro Shangri- lá (região central de Londrina), para entregar valores que somavam R$ 21 mil mensais. Segundo Jolo, os pagamentos ocorreram de janeiro de 1998 a novembro de 1999.
A ações foram protocoladas ontem, último dia de prazo antes da prescrição legal. A alegação do Ministério Público pela demora no ajuizamento das ações foi o volume de ações que acabaram sendo propostas, nas áreas civil e criminal, desde que foi iniciada as investigações sobre desvios.
As investigações em Londrina começaram no segundo semestre de 1998 e até agora foram ajuizadas mais de um centena de ações contra o grupo que administrava Londrina na época. O esquema de corrupção investigado teria desviado R$ 169 milhões da cidade, segundo o Ministério Público.
Desse dinheiro, cerca de R$ 110 milhões se referiam à venda, pelo município, de 45% das ações da empresa municipal de telefonia, a Sercomtel, à Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) em 1997. Janene aparece como réu em dez ações.


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