São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Lula recusa ajuda a senador e discute substituto

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
O presidente Lula e o governador Aécio Neves participam da inauguração de avenida em Minas


KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu nos últimos dias com aliados e auxiliares o cenário de queda de Renan Calheiros da presidência do Senado. Discretamente, já se movimenta para, caso se concretize a queda, que seus aliados no Senado elejam um nome simpático ao governo.
Por ora, há cenários sobre a eventual substituição. Renan resiste a se licenciar do cargo. Se mantiver a disposição de só sair da presidência se cassado, a crise pode durar meses.
Daí o cuidado de Lula e aliados. Não podem hostilizar Renan, avaliam. Um eventual sucessor deveria receber o seu aval, numa saída negociada. Se Renan deixar em definitivo a presidência do Senado, seria preciso nova eleição.
Um nome que surge como possível de receber a bênção de Renan é o do líder da bancada do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO). Nos bastidores, Gerson Camata (PMDB-ES) também é lembrado.
O senador José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da República que já presidiu o Senado, tem dito a aliados que não deseja o posto. A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, também tem se colocado fora dessa discussão.
Lula tem chamado aliados para avaliar a saúde política de Renan. Nos últimos dois dias, conversou com Sarney, Roseana, Michel Temer (PMDB-SP), Aloizio Mercadante (PT-SP) e com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). A todos, diz preferir que Renan continue. No entanto, afirma não ter como ajudá-lo. Exemplo: Lula recusou pedido de Jucá para convencer o PT a bancar absolvição anteontem no Conselho de Ética do Senado, como queria Renan. Lula tem dito não ter controle sobre o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), membro do conselho.
Para Lula, a situação de Renan se agravou. Teme que eventual queda leve à eleição de oposicionista, algo improvável, ou de aliado não-confiável aos olhos do governo, como Pedro Simon (PMDB-RS).
O candidato a uma eventual sucessão de Renan teria de ser alguém praticamente "acima do bem e do mal", nas palavras de quem conversou com Lula.
A posição de Lula tem irritado Renan. Reservadamente, ele tem dito que, como aliado do Planalto, esperava apoio maior do governo. Amigos do senador avaliam que, se ele sobreviver ao processo no Conselho de Ética e mantiver a presidência, sua relação com o governo mudará para pior pela falta de apoio explícito de Lula.


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