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Corrupção enfraquece democracia, diz CNBB
Em nota, ontem, a entidade criticou a "estimulada ganância" e o "corporativismo histórico" dos políticos
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dizendo-se perplexo com as
denúncias de corrupção envolvendo os três Poderes da República, o Conselho Permanente
da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) emitiu
ontem uma nota afirmando
que a corrupção enfraquece a
democracia e conclamando os
cristãos a se engajarem no
exercício da vida política.
"A corrupção e a impunidade
estão levando o povo ao descrédito na ação política e nas instituições, enfraquecendo a democracia", informou.
Apesar de não citar nenhum
caso específico da política
atual, a nota foi aprovada um
dia depois da derrota sofrida
pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que
não conseguiu arquivar o processo movido contra ele no
Conselho de Ética.
Acusado pela jornalista Mônica Veloso, com quem teve
uma filha, de ter as despesas
pessoais pagas por um lobista,
Renan perdeu o apoio dos colegas após a Polícia Federal informar que a documentação apresentada por ele como defesa
não era conclusiva.
Ontem a Folha revelou que,
descontente com a falta de
apoio manifestada por alguns
parlamentares, Renan ameaçava revelar fatos incômodos de
alguns colegas.
No texto aprovado ontem, os
bispos da CNBB criticaram a
"estimulada ganância" de alguns políticos e os "corporativismos históricos que utilizam
as estruturas de poder para benefício próprio e de grupos".
Na mensagem, os religiosos
afirmam que o exercício responsável da cidadania é um imperativo ético para todos.
"O povo brasileiro precisa recuperar a esperança. A credibilidade e a legitimidade de nossas instituições serão asseguradas pela apuração da verdade
dos fatos, pela restituição dos
bens públicos apropriados ilicitamente e pela punição dos delituosos", informa.
Honestidade
Na mensagem, intitulada
"Democracia e Ética", a CNBB
informou que pretende estimular os cristãos a acreditarem
que "vale a pena dedicar-se à
nobre causa do bem comum".
"Conclamamos as pessoas de
boa vontade e as organizações
da sociedade a se posicionarem
com coragem, repudiando os
desmandos e a impunidade,
construindo uma convivência
social sadia e velando pelo
exercício do poder com honestidade", informa a nota.
O texto do Conselho Permanente, composto por 39 membros, é assinado pelo presidente da CNBB e arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, pelo vice-presidente e arcebispo de Manaus, dom Luiz
Soares Vieira, e pelo bispo auxiliar e secretário-geral da CNBB,
dom Dimas Lara Barbosa.
Reforma
Os bispos defenderam ainda
uma ampla reforma do sistema
político brasileiro que vá além
da recente discussão que tramita no Congresso sobre sistema eleitoral, com lista aberta
ou fechada de candidatos.
"Os poderes constituídos
precisam assumir sua responsabilidade diante da corrupção
e da impunidade. Urge uma
profunda reforma do atual sistema político, não limitada à
revisão dos sistema eleitoral. É
necessário aprimorar os mecanismos da democracia representativa e favorecer a democracia participativa."
A CNBB disse apoiar os instrumentos legais de consulta
popular, como plebiscitos. A
entidade espera ainda que a
atual crise ajude no amadurecimento da democracia do país.
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