São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Colapso e a culpa

A notícia nasceu on-line em despacho de duas frases da Thompson Financial, sob o título "Brasil diz que negociações entre atores-chave da OMC entraram em colapso". Logo a Reuters entrou com a explicação, em título, de que "conflito sobre agricultura e indústria causa colapso". Mas não demorou e o enunciado predominante on-line, em despachos de agências e no Yahoo News, era "Bush culpa Brasil e Índia por parada nas negociações". O porta-voz da Casa Branca, em minutos, havia aparecido com a versão que acusava "grandes economias como Brasil e Índia" de "ficarem no caminho do progresso das nações pobres".

SEM APONTAR DEDO
"Wall Street Journal" e "Financial Times" não caíram na conversa. Na home do primeiro, que questionou o "apontar de dedos", "as conversas fracassaram quando os quatro membros mais poderosos da OMC não conseguiram resolver velhas diferenças sobre subsídios agrícolas".

COLAPSO RELATIVO
Nos sites europeus, como "Guardian" e "Le Monde", a atenção foi para a possibilidade de salvar as negociações, hoje "por um fio". O francês ouviu o diretor da OMC, que "relativizou" o colapso e ressaltou as convergências.

"BUSH CULPA BRASIL"
Por aqui, os sites e portais seguiram os despachos saídos da Casa Branca, com chamadas e manchetes na linha "Bush culpa Brasil e Índia por fracasso" ou "Para Bush, Brasil e Índia têm culpa por barreiras comerciais".

"ÍNDIA FOI FIRME"
Na Índia, segundo alvo de Bush, o "Economic Times" e o "Financial Express", com as manchetes on-line, diziam que o representante indiano "se recusou a ceder terreno e abrir mercado aos produtos agrícolas dos países ricos". O primeiro chegou a sublinhar que "a Índia foi firme".

FESTA, MAS...
Os principais analistas para América Latina de Goldman Sachs, Morgan Stanley e Citicorp debateram sobre a economia do Brasil, ontem em Nova York, no que o "WSJ" noticiou sob o título "Wall Street em alta com o Brasil, mas de olho nos riscos de inflação". Para descrever a economia, usaram-se expressões como "é hora de festa -e é merecida". Mas também "espuma", sobre o valor que vêm alcançando as ações nos recordes da Bovespa.

"AGFLAÇÃO"
A "Economist" destacou que "os preços dos grãos agora seguem os do petróleo". É a "agflação", como apelidou a inflação de produtos agrícolas estimulada por seu "crescente uso para produzir biocombustíveis, como etanol". Arrisca que uma saída seria dedicar mais terra à produção, "sobretudo em potências agrícolas em desenvolvimento tipo Brasil e Ucrânia".

BOM DEMAIS
No especial do "FT" sobre o Brasil, anteontem, na longa reportagem sobre biocombustíveis, o registro de que "o entusiasmo dos investidores está definhando" -em função do impacto do etanol de milho no preço dos alimentos, mas também da resistência da política interna, nos EUA e na Europal a liberar importação de etanol de cana. Era "bom demais para ser verdade".

Globo/Reprodução
"CARTA BRANCA"
As cenas ao vivo de Cumbica eram atração ontem, no oitavo ou nono mês de "caos". Os portais iG e G1 até especularam com a queda do brigadeiro da Infraero, mas não, ele ganhou "carta branca".

NÁUSEAS
Nem caos aéreo nem Renan Calheiros, as duas notícias "+ lidas" ao longo da tarde, ontem na Folha Online, eram "Fátima Bernardes deixa "JN" pela metade" e "Saída de Fátima tem "importância zero", diz Bonner". Anteontem ela se sentiu mal, mas ontem já estava de volta.
Piada de Tutty Vasques no site Nomínimo, na nota "Ah, coitada!", reproduzida pelo Globo Online: "Não acontece só com a gente, não. O noticiário provoca náuseas até em Fátima. Nós, pelo menos, podemos mudar de canal".

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@ - Nelson de Sá


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