São Paulo, Terça-feira, 22 de Junho de 1999
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PAINEL

Efeito colateral

A prorrogação da CPI dos Bancos voltou a ser discutida. Motivo: as liminares concedidas pelo Supremo limitando a quebra de sigilo bancário e fiscal. Nem o PMDB, patrono da comissão, quer estender a investigação, o que será inevitável se o STF não definir logo a questão.

Rota de colisão

ACM comprou briga com Sepúlveda Pertence (STF), que vetou a quebra de sigilo de Chico Lopes (ex-BC), mas seis outros ministros do Supremo já concederam liminares parecidas contra as CPIs dos Bancos e do Judiciário. O placar é a maioria do tribunal, que tem 11 ministros.

Cutucada em ACM

Em pelo menos um aspecto o STF tem aliados de peso no Senado. Jader Barbalho, presidente nacional do PMDB, acha discutível o poder das CPIs de pôr bens em indisponibilidade antes do fim das investigações, como ocorreu com Chico Lopes.

Dando o troco

João Batista Campelo, efêmero diretor da PF, incumbiu o advogado Sérgio Mantovani de processar por difamação o ex-padre Magalhães Monteiro, que o acusou de torturador. Conta com um parecer favorável do legista George Sanguinetti, de Alagoas.

Antes da queda

Na sexta, o delegado Campelo procurou o senador Tuma. Sob fogo cerrado, foi aconselhado a procurar o general Cardoso (Casa Militar) e Renan (Justiça). Soube já no 1º telefonema que estava caindo da direção da PF. Então, resolveu renunciar.

Pausa para reflexão

A pesquisa Datafolha divulgada domingo preocupou os principais caciques partidários. Ao contrário do que imaginavam, a queda de FHC nas pesquisas não se refletiu em melhor avaliação do Congresso. Todos perderam.

Língua de trapo

Nilmário Miranda (PT-MG) vasculhou os inquéritos do Ministério Público e descobriu um contra militar de Minas acusado de "apologia do crime de tortura". Vai pedir iniciativa igual contra Jair ("É o que dá torturar e não matar") Bolsonaro (PPB).

Parceria etílica

Covas e Rodolfo Tourinho (Minas e Energia) acertaram ontem acordo para dar novo alento aos produtores de álcool. O governo paulista desenvolve o protótipo de uma geradora a bagaço de cana. O ministério assegura a compra de energia e acesso mais barato à rede de distribuição.


Reforço de caixa

Estão no final os estudos da Prefeitura de São Paulo para a criação de uma secretaria extraordinária de privatizações. O nome mais cotado para o cargo é o do ex-senador Gilberto Miranda (PFL), amigo de Celso Pitta.

Maré baixa

Será contida, como convém em tempo de popularidade baixa, a festa do 5º aniversário do real, o 1º pós-desvalorização. No final de junho vão ao ar os comerciais de balanço do período. No dia 1º de julho, FHC reúne os ministros da área econômica. Desta vez, nada de cafezinho em padaria.

Mais um

O deputado estadual paulista Pedro Yves deve deixar hoje o PPB de Paulo Maluf para entrar no PTB, que está aliado ao governador tucano Mário Covas.

Memória dos cárceres

A Anistia Internacional divulga amanhã relatório sobre violações de direitos humanos no sistema penitenciário brasileiro.

Visita à Folha

O diretor-executivo da ONG Transparency International, Miguel Schloss, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Oded Grajew, diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, e de Antoninho Marmo Trevisan, membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos.

O ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Mauro Lopes, da MVL Estratégia de Comunicação, e de Mário Rosa, da MR Consultoria.

TIROTEIO

Do presidente do PSDB paulistano, João Câmara, sobre a afirmação de Paulo Maluf de que "está faltando um pouco de autoridade neste país":
- Se falta de autoridade é enganar, realmente não a temos. E só Paulo Maluf poderia assumir esse papel. Mas como sinônimo de autoridade é correção e probidade administrativa, realmente ela não está faltando.

CONTRAPONTO

Na mosca
A proposta de extinção da Justiça do Trabalho, do deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), juntou no mesmo barco quase todos os escalões do Judiciário que se opõem à medida.
Há alguns dias, a Federação Nacional dos Servidores do Judiciário Federal promoveu reunião para discutir a estratégia de resistência a ser adotada.
Secretário-executivo da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, o juiz Grijalbo Coutinho foi destacado para falar no encontro.
Coutinho relatou o trabalho de lobby que os juízes do Trabalho e sua associação estavam fazendo.
Os sindicalistas, exaltados, queriam uma atitude mais radical. Grijalbo chegou a ser vaiado, até que teve uma idéia:
- Companheiros, precisamos ter a cabeça fria. Até Lênin soube recuar nos primórdios da Revolução Russa, para depois chegar ao socialismo!
Deu certo. A hostilidade foi revertida. E o juiz saiu ovacionado.


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