São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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OUTRO LADO

Superintendente em SP diz que sua compra foi lícita

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O superintendente da Polícia Federal em São Paulo, delegado Francisco Baltazar da Silva, afirmou que é lícita a origem dos reais que usou para comprar dólares de Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona.
Segundo Baltazar, uma indenização por danos morais decorrente de ação judicial que moveu contra a revista "Veja" explica a compra dos dólares. Mas essa não foi a única fonte do dinheiro usado. Outras seriam, por exemplo, seu próprio salário ou a venda de um imóvel.
O delegado reafirmou que declarou ao Imposto de Renda o valor da indenização. Não revelou, no entanto, em que ano informou o fato ao fisco. "Isso é particular, meu, não interessa a ninguém. Não estou respondendo a processo nenhum", disse. Conforme "mandado de levantamento judicial" ao qual a reportagem da Folha teve acesso, Baltazar recebeu da editora responsável pela revista "Veja" R$ 604,86 mil em março de 1998.
Localizada por telefone em sua casa, em São Paulo, no início da noite de ontem, Isaura Almeida Dias Aiosa, que é mulher do delegado federal aposentado Paulo Miyoshi, afirmou não ter "nada para falar a respeito" de transações com o doleiro Toninho da Barcelona. Ela disse também que seu marido não estava em casa.
O subprocurador-geral da República Henrique Fagundes Filho admitiu que conhece e "gosta muito" de Barcelona. Mas negou que tenha comprado dólares. Afirmou que apenas descontou cheques de sua mãe e de sua tia, em valores que nunca ultrapassaram R$ 7.000 por operação.
O juiz federal Aroldo Wa- shington disse que não conhece o doleiro. O magistrado afirmou que comprou cerca de US$ 10 mil para viagens que costuma fazer à Itália. Declarou a quantia ao Imposto de Renda e disse que o documento está à disposição da PF, para confirmar sua explicação. Afirmou ainda que jamais atuou em um processo que tivesse relação com Barcelona.
O juiz declarou que apenas procurou a casa de câmbio porque é vizinho dela -mora na mesma avenida São Luís, no centro de São Paulo.
Washington afirmou que a casa de câmbio, na época das aquisições, tinha autorização do Banco Central para a atividade. Disse que, por causa disso, não tinha motivos para suspeitar de problemas com a empresa.
O agente Jonson Lara Júnior não autoriza a divulgação de seu telefone pessoal para contato pelo serviço de informações. A Folha entregou à assessoria de comunicação da PF paulista, na última sexta-feira, pedido por escrito para ouvir oito policiais federais referidos na investigação sobre Barcelona, incluindo os agentes Lara Júnior e Ricardo Branco e os delegados Paulo Miyoshi e Mauro Abdo, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição.
O chefe da comunicação da PF paulista, Wagner Castilho, procurado ontem por telefone, não foi localizado nem ligou de volta em resposta ao recado. (AM, ID e RV)

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