São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ REFORMA

Petista, que já tinha tido status de ministro rebaixado na última semana, comandará o Núcleo de Ação Estratégica e responderá direto a Lula

Gushiken deixa Secom e vira assessor

Alan Marques/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidiu desmembrar a Secom, de Luiz Gushiken


EDUARDO SCOLESE
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos ministros mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Luiz Gushiken deixou ontem a Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), que foi desmembrada. Com a perda do cargo, ele passa a ser chefe do Núcleo de Ação Estratégica. As mudanças, anunciadas por Lula, ocorreram depois das denúncias de corrupção que recaem sobre os contratos de publicidade do governo.
A idéia de transferir a Secom para a Casa Civil foi abortada porque a ministra Dilma Rousseff considerou "incompatível" acumular coordenação de ministérios e programas com distribuição de verbas de publicidade.
A área de Comunicação, que trata de publicidade do governo, passará a ser subordinada à Secretaria Geral da Presidência, do agora "superministro" Luiz Dulci, que também acumulará a Secretaria de Direitos Humanos, que perdeu o status de ministério.
Gushiken, como já estava definido havia duas semanas, perde a condição de ministro. Mas passa a responder diretamente a Lula.
O núcleo tem como função elaborar estudos para subsidiar o presidente e demais órgãos do governo na implementação de políticas públicas. Recentemente, por exemplo, elaborou estudos sobre o biodiesel e a reforma política.

Pontos para Dulci
Já a área de Comunicação, agora sob o comando de Dulci, trabalha com a divulgação e a implantação de programas do governo federal. Ficará sob a responsabilidade de Dulci, por exemplo, a elaboração de campanhas publicitárias financiadas por grandes empresários, como a da auto-estima.
Desde o surgimento da pior crise do governo, Dulci ganhou pontos com o presidente, tendo sido cotado, inclusive, para assumir a presidência do PT e, depois, o Ministério da Educação.
Ao mesmo tempo, o processo de desgaste de Gushiken no governo só aumentou. Ele, inclusive, chegou a colocar seu cargo à disposição, mas Lula pediu que ele continuasse. "Estou aqui para ajudar o presidente Lula", disse Gushiken, à época.
Pesam contra Gushiken o aumento dos investimentos em publicidade na revista de um cunhado, a influência nos fundos de pensão e o fato de a empresa da qual foi sócio, a Globalprev, ter ampliado seu faturamento durante o governo petista. Além disso, segundo a Folha apurou, a Comissão de Ética Pública da Presidência está cobrando explicações de Gushiken.
A Secretaria dos Direitos Humanos também perdeu o status de ministério, mas, a pedido de entidades e movimentos sociais ligados ao tema, permanecerá vinculada à Presidência, e não mais ao Ministério da Justiça, como o Planalto havia anteriormente anunciado.
No guarda-chuva de Dulci, agora com Direitos Humanos, conforme a Folha já havia antecipado, já existe a execução do recém-criado Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).
Ainda não está definido, porém, os nomes dos novos secretários de Comunicação e de Direitos Humanos. Mário Mamede, adjunto de Nilmário Miranda (que vai disputar a presidência do PT de Minas Gerais), é o mais cotado.
Outro fator que pesou no desmembramento da Secom foi o inchaço da Casa Civil, que conta hoje com três subchefias.


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