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Banco Central une cadastro de contas do país
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou ontem que colocará em funcionamento na próxima segunda-feira
um banco de dados com o cadastro de todos os clientes de bancos
do país.
Segundo o BC, a medida tem
por objetivo agilizar processos como os de quebra de sigilo bancário requisitados pelo Judiciário e
por CPIs (comissões parlamentares de inquérito).
Esse cadastro irá conter o nome
do cliente, CPF -ou CNPJ, no caso das empresas- e os nomes de
todos os bancos com que cada
cliente possui algum tipo de relacionamento, como contas correntes e aplicações financeiras.
Dados de contas que foram
mantidas entre 2001 e 2005, mas já
foram encerradas, também deverão ser incluídos nessa base. A
previsão é que a inclusão seja feita
até o começo do ano que vem.
Só o BC e a Justiça poderão ter
acesso a esse banco de dados, já
que as informações estão protegidas por sigilo bancário.
Atualmente, sempre que se determina a quebra de um sigilo
bancário, cabe ao BC enviar um
comunicado aos mais de cem
bancos que operam no país para
saber em quais instituições financeiras a empresa ou pessoa investigada possui uma conta. Depois
de feito esse pedido, os bancos se
manifestam e enviam as informações requisitadas.
O novo sistema não irá dispor
de dados relativos a movimentações financeiras, mas vai permitir
que se saiba, de forma imediata,
onde cada pessoa ou empresa
possui uma conta bancária, o que
deve agilizar os processos de quebra de sigilo.
"O cadastro vai facilitar o andamento desses pedidos [de quebra
de sigilo], tanto do Judiciário
quanto das CPIs", disse o diretor
de Administração do Banco Central, João Antônio Fleury.
Os juízes terão, também, uma
senha que lhes permitirá acessar,
diretamente, as informações contidas no banco de dados. As CPIs
continuarão tendo que enviar
seus pedidos ao BC.
Segundo Fleury, a criação do cadastro está prevista por uma lei de
2003, que promoveu algumas
mudanças na legislação referente
aos crimes contra o sistema financeiro (lavagem de dinheiro é um
exemplo de crime financeiro).
Ainda de acordo com o diretor
do BC, desde março do ano passado a implantação desse banco de
dados estava sendo desenvolvida
em conjunto com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Na semana passada, o presidente da CPI dos Correios, o senador
Delcídio Amaral (PT-MS), chegou a se reunir com o presidente
do BC, Henrique Meirelles, para
pedir mais agilidade no envio dos
dados solicitados pela comissão.
Havia pressa no recebimento de
informações como as movimentações financeiras feitas pelo empresário Marcos Valério de Souza
em uma agência do Banco Rural
em Brasília.
Ao divulgar os detalhes sobre o
novo cadastro, o diretor do BC foi
questionado por jornalistas sobre
rumores de que o Banco Rural,
envolvido nas investigações da
CPI, poderia sofrer algum tipo de
intervenção. Fleury negou: "O
Banco Central do Brasil não está
trabalhando com essa questão".
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