Tucanos barram projeto do governador que cede terreno com favela à capital, administrada pelo petista Fernando Pimentel

PSDB discute candidaturas de João Leite, Pimenta da Veiga e Eduardo Azeredo; PT pode lançar um ministro: Luiz Dulci ou Patrus Ananias

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Enquanto as cúpulas de PT e PSDB discutem suas opções à Prefeitura de Belo Horizonte (os ministros petistas Luiz Dulci e Patrus Ananias, de um lado; o senador Eduardo Azeredo e o ex-ministro Pimenta da Veiga, do outro), a sucessão já começou na Assembléia Legislativa.
Essa disputa se dá em torno de um projeto do governador Aécio Neves (PSDB), enviado em abril, pelo qual o Estado cede à Prefeitura de Belo Horizonte, controlada pelo PT, o terreno da vila Confisco, onde vivem cerca de 4.000 pessoas.
O prefeito Fernando Pimentel (PT), que mantém boa relação com Aécio, já tem pronto o projeto de urbanização da favela e, segundo o deputado Paulo Guedes (PT), os recursos para iniciar imediatamente as obras.
O texto foi aprovado em primeiro turno 33 dias após o início da tramitação, mas o deputado tucano João Leite pediu vistas alegando "dúvidas em relação à legalidade", mesmo tendo a autoria de Aécio. Desde 29 de maio o projeto está parado.
Leite -que perdeu para os petistas, por duas vezes, a Prefeitura de BH- disse não ter problema em aprovar o projeto se estiver legal, "até porque vai beneficiar pessoas pobres". O problema, diz ele, é que o projeto prevê a regularização dos terrenos, mas não das casas.
Além disso, o tucano vê uso político do projeto por parte do PT. Segundo ele, deputados e vereadores petistas já distribuem cartas aos moradores da favela dizendo terem conseguido a titularidade dos lotes e das casas. O PT nega.
Como a vila Confisco tem um lado em Contagem -cidade também gerida pelo PT, mas sem projeto pronto e recursos para as obras de infra-estrutura-, o deputado Ademir Lucas (PSDB) ameaça incluir esse outro lado da vila no projeto.
Embora não admita, isso seria uma forma de retardar as obras, que deveriam ocorrer simultaneamente nos dois lados. Isso exigiria novo projeto, que não ficaria pronto até a eleição.

20 anos
O presidente do PSDB-MG, deputado federal Nárcio Rodrigues, disse que, para a disputa da prefeitura, o partido tem, além de João Leite, nomes como o ex-governador Azeredo e até o de Pimenta da Veiga, que deixou a cena política desde o fim do governo FHC, em 2002.
Se vencer a disputa em BH, o PT completará 20 anos no poder. Por isso cresce entre os tucanos a opinião de que nomes de peso devam prevalecer na indicação. Por enquanto, apenas Leite admite ser candidato.
O PT, por sua vez, formou uma comissão para acompanhar os movimentos pré-eleitorais. O fato de o PSDB pensar em nomes mais tradicionais levou o partido a discutir a viabilidade de lançar os ministros Patrus Ananias ou Luiz Dulci. Mas, segundo o ex-ministro Nilmário Miranda, presidente do PT-MG, Patrus não aceita.
O deputado federal Virgílio Guimarães, que sempre quis ser prefeito, também é cogitado. Além deles, o deputado estadual Roberto Carvalho aparece bem cotado por ser do grupo de Fernando Pimentel.


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