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Liquidação de fundo prejudica cotistas, diz banco
Silvia Costa/"Valor"
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O banqueiro Dório Ferman, presidente do Opportunity, no Rio
DA REPORTAGEM LOCAL
A defesa do grupo Opportunity atacou ontem, por meio de
medidas judiciais e manifestações de seus representantes, a
decisão do juiz federal Fausto
De Sanctis, que determinou a
liquidação do fundo Opportunity Special, do grupo Opportunity. O fundo é alvo de investigações sobre lavagem de dinheiro na Operação Satiagraha.
O juiz ordenou a venda dos
ativos do fundo em 48 horas e
que o resultado da operação
fosse depositado em uma conta
na Caixa Econômica Federal.
Parte dos 23 acionistas do fundo -entre eles o banqueiro Daniel Dantas e Dório Ferman,
presidente do banco Opportunity- são réus em ação penal
relativa a crimes financeiros. O
nome dos investidores, que não
são réus, é protegido por sigilo.
A informação mais recente
sobre o fundo, nos registros da
CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), é relativa a 17 de
julho. A carteira tinha 23 cotistas e patrimônio de R$ 954 milhões. Em junho, a maior parte
da carteira era composta por
ações (R$ 871 milhões) e cotas
de fundos (R$ 20 milhões).
O fundo estava bloqueado
desde setembro passado, quando surgiram suspeitas de lavagem de dinheiro, segundo o Ministério Público. À época, possuía 24 cotistas e patrimônio de
cerca de R$ 500 milhões. De
Sanctis determinou a liquidação "em razão da necessidade e
da obrigatoriedade de preservar o patrimônio sequestrado".
O advogado Antonio Sérgio
de Moraes Pitombo, que defende o Opportunity, afirmou ontem, em nota, que os cotistas
que não foram alvo da Satiagraha não podem ser prejudicados: "Fundos de investimento
constituem um produto financeiro em que os cotistas investidores não se comunicam, ou
seja, a situação particular de
um cotista não pode afetar o
fundo como um todo".
No final da tarde de ontem,
Pitombo apresentou recursos
contra a decisão ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª
Região."A medida não possui
base em fatos e nem respaldo
legal", disse Pitombo.
A empresa BNY Mellon, administradora do fundo, informou que foi notificada oficialmente da decisão no final da
tarde de anteontem. Assim, termina hoje o prazo para que a
empresa faça a liquidação. Por
meio de nota, a empresa negou
ontem que as cotas do fundo estavam bloqueadas desde setembro. "Apenas as cotas de titularidade de alguns cotistas
envolvidos na Operação Satiagraha estão com sua movimentação bloqueada por ordem do
MM. Juiz", segundo a nota.
O Opportunity também encomendou parecer ao ex-ministro da Economia Mailson da
Nóbrega, da consultoria Tendências. O parecer refuta a tese
de que a liquidação protegerá
os ativos do fundo contra as
turbulências da economia e
aponta que a execução da medida causará graves prejuízos a
terceiros, pois "a venda compulsória, no prazo de 48 horas,
de volumes significativos de
ações, implicaria uma queda no
preço de venda dessas ações".
(FLÁVIO FERREIRA)
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