São Paulo, quarta-feira, 22 de julho de 2009

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Liquidação de fundo prejudica cotistas, diz banco

Silvia Costa/"Valor"
O banqueiro Dório Ferman, presidente do Opportunity, no Rio

DA REPORTAGEM LOCAL

A defesa do grupo Opportunity atacou ontem, por meio de medidas judiciais e manifestações de seus representantes, a decisão do juiz federal Fausto De Sanctis, que determinou a liquidação do fundo Opportunity Special, do grupo Opportunity. O fundo é alvo de investigações sobre lavagem de dinheiro na Operação Satiagraha.
O juiz ordenou a venda dos ativos do fundo em 48 horas e que o resultado da operação fosse depositado em uma conta na Caixa Econômica Federal. Parte dos 23 acionistas do fundo -entre eles o banqueiro Daniel Dantas e Dório Ferman, presidente do banco Opportunity- são réus em ação penal relativa a crimes financeiros. O nome dos investidores, que não são réus, é protegido por sigilo.
A informação mais recente sobre o fundo, nos registros da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), é relativa a 17 de julho. A carteira tinha 23 cotistas e patrimônio de R$ 954 milhões. Em junho, a maior parte da carteira era composta por ações (R$ 871 milhões) e cotas de fundos (R$ 20 milhões).
O fundo estava bloqueado desde setembro passado, quando surgiram suspeitas de lavagem de dinheiro, segundo o Ministério Público. À época, possuía 24 cotistas e patrimônio de cerca de R$ 500 milhões. De Sanctis determinou a liquidação "em razão da necessidade e da obrigatoriedade de preservar o patrimônio sequestrado".
O advogado Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, que defende o Opportunity, afirmou ontem, em nota, que os cotistas que não foram alvo da Satiagraha não podem ser prejudicados: "Fundos de investimento constituem um produto financeiro em que os cotistas investidores não se comunicam, ou seja, a situação particular de um cotista não pode afetar o fundo como um todo".
No final da tarde de ontem, Pitombo apresentou recursos contra a decisão ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região."A medida não possui base em fatos e nem respaldo legal", disse Pitombo.
A empresa BNY Mellon, administradora do fundo, informou que foi notificada oficialmente da decisão no final da tarde de anteontem. Assim, termina hoje o prazo para que a empresa faça a liquidação. Por meio de nota, a empresa negou ontem que as cotas do fundo estavam bloqueadas desde setembro. "Apenas as cotas de titularidade de alguns cotistas envolvidos na Operação Satiagraha estão com sua movimentação bloqueada por ordem do MM. Juiz", segundo a nota.
O Opportunity também encomendou parecer ao ex-ministro da Economia Mailson da Nóbrega, da consultoria Tendências. O parecer refuta a tese de que a liquidação protegerá os ativos do fundo contra as turbulências da economia e aponta que a execução da medida causará graves prejuízos a terceiros, pois "a venda compulsória, no prazo de 48 horas, de volumes significativos de ações, implicaria uma queda no preço de venda dessas ações".
(FLÁVIO FERREIRA)


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