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Tucano viaja em palestras por 3 meses
DO ENVIADO A MONTEVIDÉU
O sucessor de Fernando Henrique Cardoso não terá a sombra do
atual presidente pairando sobre o
início de sua gestão: FHC está
com tudo acertado para passar os
primeiros três meses de 2003,
pouco mais ou pouco menos, viajando para fazer conferências no
exterior, em especial na Europa.
Trata-se do ambiente em que o
presidente brasileiro mais se sente
à vontade. De alguma forma, esse
à vontade começou a se manifestar durante a viagem de Estado de
dois dias ao Uruguai, em que FHC
começou a se despedir das pompas internacionais.
No jantar que lhe ofereceu anteontem no Hotel Radisson Victoria Plaza, o presidente Jorge
Battle disse a Fernando Henrique
que ele não poderia abandonar a
vida pública depois das eleições
no Brasil, "porque a América Latina ainda precisará muito de seu
trabalho".
Battle convidou FHC para a visita a Montevidéu exatamente para prestar-lhe homenagem pelo
que considera papel relevante do
presidente brasileiro no processo
de integração latino-americana
(processo, aliás, em profunda crise).
Ontem, Battle insistiu no tema,
agora na presença dos jornalistas,
ao dizer que "concederia uma licença de apenas três meses" para
Fernando Henrique, após deixar
o cargo.
"Suas palavras ajudaram a aumentar a minha vaidade", devolveu FHC, vaidoso assumido.
Encontros
Certamente deve ter contribuído para aumentar ainda mais a
vaidade presidencial o elogio recebido ontem pela manhã de Tabaré Vázquez, líder da coalizão de
esquerda "Encontro Progressista" e tido como favorito para a
eleição presidencial uruguaia de
2004.
Ao sair da audiência com FHC,
ontem cedo no Hotel Sheraton,
onde o presidente brasileiro se
hospedou, Vázquez ressaltou a
importância para a sua agrupação
e para ele próprio do encontro
com o presidente do Brasil.
Tanta importância que ele preferiu não comentar assuntos internos uruguaios para evitar que
se sobrepusessem ao noticiário
sobre a reunião com FHC.
Vázquez e seu "Encontro Progressista" fazem parte do "Foro
de São Paulo", um conglomerado
de partidos de esquerda idealizado pelo PT, ao qual o grupo uruguaio é mais ligado.
FHC recebeu também os líderes
dos dois outros grandes partidos
uruguaios, os ex-presidentes Luis
Alberto Lacalle (Partido Blanco) e
Júlio María Sanguinetti (Colorado).
Mercosul
A todos, e mais a todas as audiências às quais se dirigiu, FHC
falou do Mercosul para dizer que
se enganam os que falam do fim
do bloco regional.
Chegou até a anunciar, para dirigentes de marketing, o envio de
projeto ao Congresso prevendo a
eliminação da bitributação para
investimentos de brasileiros no
Uruguai, embora não haja, com a
crise, dinheiro nem mesmo para
que brasileiros invistam no Brasil.
(CLÓVIS ROSSI)
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