|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Para americana, país é menosprezado por não ser potência nuclear
Embaixadora admite que EUA não respeitam o Brasil
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A embaixadora dos Estados
Unidos no Brasil, Donna Hrinak,
disse que os Estados Unidos não
dão a devida importância ao Brasil durante entrevista coletiva que
concedeu ontem a correspondentes estrangeiros, em Brasília.
"O que eu escuto, não só das autoridades, mas também dos brasileiros em geral, é que os Estados
Unidos não respeitam o Brasil,
não dão suficiente atenção ao
Brasil, não entendem o que o Brasil representa para a região e para
o mundo e eu acho que isso é totalmente verdadeiro", admitiu a
embaixadora.
Segundo Donna, o Brasil não
recebe "a mesma consideração"
que a China e a Rússia, por exemplo, por uma questão histórica,
que se explica pelo fato de aqueles
países, assim como a ex-União
Soviética, serem potências nucleares.
A preocupação com o terrorismo nos EUA, depois dos ataques
de 11 de setembro, segundo Donna, "moveu a América Latina para
atrás do cenário".
De acordo com ela, o próprio
presidente George W. Bush causou muita expectativa na região
ao dizer que este seria o século das
Américas. Para a embaixadora, o
atraso do governo americano em
designar um secretário para o hemisfério ocidental também prejudicou as relações mantidas com
toda a região.
Otto Reich, secretário-adjunto
do Departamento de Estado para
o Hemisfério Ocidental, foi designado para o posto no início deste
ano. "Esperamos que no ano que
vem haja uma visita presidencial à
região, que deve incluir o Brasil."
A embaixadora disse que o Brasil aumentou sua presença no cenário internacional e melhorou
sua auto-estima. "O Brasil demonstrou, especialmente durante
a administração de Fernando
Henrique Cardoso, que reconhece o papel importante que possui
no cenário regional, mundial e em
termos políticos", disse.
Com exceção do presidenciável
Anthony Garotinho (PSB), todos
os demais principais candidatos a
presidente aceitaram o convite da
embaixadora recentemente para
uma conversa. "Fiquei com a impressão de que todos vão fazer
duas coisas: fincar o pé nas exportações e negociar novos acordos
comercias", disse.
Livre comércio
Segundo Donna, há uma impressão de que os EUA estão a favor da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), enquanto
os outros países estão contra, mas
que, na verdade, há divisões sobre
o assunto também entre os norte-americanos.
Em sua conversa com os correspondentes, Donna criticou a idéia
de que o livre comércio, defendido pelo governo norte-americano, seja a panacéia para todos os
males. "Talvez nossa maior falha
tenha sido vender que o livre comércio é a solução para tudo. Um
país que tem problemas de educação, de saúde e de distribuição de
renda não vai solucioná-los com o
livre comércio. Isso requer políticas de um bom governo", afirmou Donna.
Na opinião da embaixadora, a
crise econômica nos EUA deveria
acelerar a integração regional. "Se
fôssemos muito inteligentes nos
EUA, nos daríamos conta da importância do livre comércio justamente para recuperar a economia." E completou: "Temos a responsabilidade de indicar quais
vão ser os benefícios do livre comércio, de sermos honestos e de
indicar quais serão as desvantagens", disse.
Texto Anterior: Políticos e palestras Próximo Texto: Janio de Freitas: Ética bêbeda Índice
|