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JANIO DE FREITAS
Ética bêbeda
O uso do jingle televisivo de
uma cerveja para propaganda de um candidato à Presidência da República, substituído apenas o refrão "Bavária,
Bavária, Bavária" por "trabalho, trabalho, trabalho", é um
desrespeito abusivo às instituições e insultuoso com o eleitorado.
É improvável que José Serra
tenha autorizado o recurso da
cópia incluída em sua propaganda no horário eleitoral de
TV, e, se não o fez, não é responsável, é também vítima do abuso e do desrespeito. Mas Nizan
Guanaes precisa ser informado
de que, se a sua presunção não
tem limites, sua atividade os
tem. Senão por si mesma, por todas as outras dos que se esforçaram pela democracia e se esforçam pela decência na vida pública.
(Aqui registrado ontem, na
apreciação dos primeiros programas eleitorais, o uso da publicidade comercial, a identificação exata do jingle foi de Flávio Freire, de "O Globo").
Também
Pelo visto, a ética marqueteira
padece de colapsos que não se
sabe se curáveis.
Os organizadores do site da
campanha de Ciro Gomes utilizaram um artigo meu na internet, anteontem, sem autorização da Folha ou minha. Estarem trabalhando para um candidato à Presidência deveria ser
razão a mais para respeitarem a
legislação e a ética.
Amarelados
A proposta de que amanhã sejam usadas camisas amarelas é
de um grupo de corretores de
aplicação financeira que pretendem, com isso, atribuir um
grande apoio popular à atual
política econômica. O pessoal do
mercado financeiro tem todas
os motivos, ou todos os lucros,
para querer a continuidade do
período em que ganhou mais do
que nunca e, em comparação
com o restante do mundo, ganhos muito maiores do que em
qualquer outra parte.
Dizem os corretores que a manifestação com amarelo apenas
expressará apoio a propostas já
aceitas por todos os candidatos.
Primeiro, não é verdade, ao que
está exposto na internet pelos
próprios proponentes da manifestação: o que será dado como
objeto do apoio é exatamente o
que, em conjunto, os candidatos
de oposição repelem -e com isso lideram as pesquisas. Segundo, se houvesse a alegada unanimidade, não seria necessária
a manifestação de fins duvidosos, senão suspeitos.
Recordista
Estão de parabéns, pela coerência, o Banco Central e o Copom, entidade supostamente
definidora da política monetária. Decidiram manter inalterados os juros estrangulantes, no
dia mesmo em que foi noticiada
a volta do Brasil à posição que
ocupava em 2000 -a de detentor dos juros mais altos do mundo.
Não por acaso, saiu também a
notícia de aumento do desemprego -mas isso não dá manifestação.
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