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Lula responde a presidente da Petrobras
LIEGE ALBUQUERQUE
ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ
O presidenciável do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva, reagiu de forma incisiva à crítica do presidente
da Petrobras, Francisco Gros, sobre o fato de Lula ter rechaçado a
construção de estaleiros brasileiros em Cingapura, anteontem, no
primeiro dia do horário eleitoral.
Gros, em entrevista ao jornal "O
Globo", disse que Lula estaria defendendo "interesses comerciais"
do estaleiro Verolme em detrimento de outros do país.
"Só ele viu isso [defesa de interesses], ninguém mais. O que nós
fizemos foi uma denúncia em defesa da economia brasileira, do
emprego e da Petrobras. Eu quero
preservar a Petrobras muito mais
do que gente como ele [Gros]. Se
dependesse dele, já tinham vendido a Petrobras", disse Lula.
De acordo com o petista, a defesa do estaleiro Verolme também
poderia ter sido feita em relação
ao estaleiro Caneco. "É que filmei
em Angra do Reis [onde fica o Verolme], mas também poderia ter
sido o Caneco, no Rio", disse.
Lula afirmou que o que o PT
queria provar no programa é que
o país "tem engenharia, especialistas e operários para fazer uma
obra que o governo federal está
mandando fazer fora do país".
Na opinião de Lula, é "absurdo"
o país recorrer ao FMI (Fundo
Monetário Internacional) e "de
outro lado mandar dinheiro para
fora para construir plataforma no
exterior, em Cingapura".
Propôs que o governo abra um
debate sobre o assunto. "Quero
começar sugerindo um debate sobre o assunto. Quero debater isso
com ele [Gros], com a Petrobras e
com a indústria naval."
O presidenciável fez a declaração durante entrevista em Cuiabá
(MT), onde esteve ontem à tarde
por quase cinco horas. Lula não
fez comentários e não parou para
ver o amistoso da seleção com o
Paraguai. Durante o jogo, Lula fez
uma caminhada com a mulher
Marisa, e com o candidato ao governo de Mato Grosso pelo PT,
Alexandre César.
Ao ser indagado sobre a performance elogiada e a boa acolhida
que teve anteontem na Federação
Brasileira das Associações de
Bancos, em São Paulo, Lula respondeu com uma brincadeira.
Comparando sua crítica à entidade, em 1994, quando afirmou
que a Febraban "era um dos setores mais retrógrados da sociedade
brasileira", disse: "A primeira vez
que falei com a Marisa foi assim,
ela não quis nem falar comigo,
mas depois quis, e somos casados
há muitos anos".
Segundo Lula, a "tônica" de um
eventual governo seu será o diálogo. "Vamos conversar com todos,
com a Febraban e qualquer outro
setor da sociedade. Esse governo
federal [o atual] errou porque não
conversou: só fez duas reuniões
de ministérios e duas de governadores em oito anos".
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