São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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Lula responde a presidente da Petrobras

LIEGE ALBUQUERQUE
ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ

O presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, reagiu de forma incisiva à crítica do presidente da Petrobras, Francisco Gros, sobre o fato de Lula ter rechaçado a construção de estaleiros brasileiros em Cingapura, anteontem, no primeiro dia do horário eleitoral.
Gros, em entrevista ao jornal "O Globo", disse que Lula estaria defendendo "interesses comerciais" do estaleiro Verolme em detrimento de outros do país.
"Só ele viu isso [defesa de interesses], ninguém mais. O que nós fizemos foi uma denúncia em defesa da economia brasileira, do emprego e da Petrobras. Eu quero preservar a Petrobras muito mais do que gente como ele [Gros]. Se dependesse dele, já tinham vendido a Petrobras", disse Lula.
De acordo com o petista, a defesa do estaleiro Verolme também poderia ter sido feita em relação ao estaleiro Caneco. "É que filmei em Angra do Reis [onde fica o Verolme], mas também poderia ter sido o Caneco, no Rio", disse.
Lula afirmou que o que o PT queria provar no programa é que o país "tem engenharia, especialistas e operários para fazer uma obra que o governo federal está mandando fazer fora do país".
Na opinião de Lula, é "absurdo" o país recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e "de outro lado mandar dinheiro para fora para construir plataforma no exterior, em Cingapura".
Propôs que o governo abra um debate sobre o assunto. "Quero começar sugerindo um debate sobre o assunto. Quero debater isso com ele [Gros], com a Petrobras e com a indústria naval."
O presidenciável fez a declaração durante entrevista em Cuiabá (MT), onde esteve ontem à tarde por quase cinco horas. Lula não fez comentários e não parou para ver o amistoso da seleção com o Paraguai. Durante o jogo, Lula fez uma caminhada com a mulher Marisa, e com o candidato ao governo de Mato Grosso pelo PT, Alexandre César.
Ao ser indagado sobre a performance elogiada e a boa acolhida que teve anteontem na Federação Brasileira das Associações de Bancos, em São Paulo, Lula respondeu com uma brincadeira.
Comparando sua crítica à entidade, em 1994, quando afirmou que a Febraban "era um dos setores mais retrógrados da sociedade brasileira", disse: "A primeira vez que falei com a Marisa foi assim, ela não quis nem falar comigo, mas depois quis, e somos casados há muitos anos".
Segundo Lula, a "tônica" de um eventual governo seu será o diálogo. "Vamos conversar com todos, com a Febraban e qualquer outro setor da sociedade. Esse governo federal [o atual] errou porque não conversou: só fez duas reuniões de ministérios e duas de governadores em oito anos".



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