São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2005

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Ex-assessor é poupado em entrevista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Autor da denúncia que ameaça o cargo do ministro da Fazenda, Rogério Buratti não mereceu ataques do antigo chefe. Antonio Palocci Filho atribuiu a atitude de seu ex-assessor, que tratou pelo primeiro nome em alguns momentos, à pressão do Ministério Público pela delação premiada.
"Não esperava por isso, que o Rogério Buratti fizesse uma coisa dessas. Agora, eu compreendo a situação em que ele foi colocado. Os motivos que o levaram a falar isso eu não conheço", disse Palocci.
Como na nota oficial divulgada na última sexta, as críticas do ministro foram centradas nos promotores: "Em condições de completo constrangimento, se oferece à pessoa o dispositivo da delação premiada, promotores divulgam as declarações antes que elas se concluam e divulgam uma fita do depoimento".
Palocci disse não ser mais amigo -nem inimigo- de Buratti, que deixou, a pedido, o cargo de secretário de Governo de Ribeirão Preto, em 1994, após a divulgação, pela Folha, de uma fita em que discutia propina com um empreiteiro. Por essa razão, não se sentiria "traído" pelo ex-assessor.
Embora tenha declarado estar afastado de Buratti desde o episódio, Palocci relatou que suas mulheres e seus filhos mantêm relações de amizade. Disse que, nos últimos anos, esteve na casa do ex-assessor por duas ou três vezes, assim como também o recebeu em algumas ocasiões.
O último contato teria sido em 2003. O ministro admitiu que pode ter falado com Buratti por telefone naquele ano, apesar de não se lembrar da conversa.
A quebra do sigilo telefônico do ex-assessor revelou três telefonemas para a casa de Palocci. Há dez dias, nota da Fazenda disse que "foram provavelmente tentativas de contatos que não prosperaram". Já Buratti afirmou ter tratado com o ministro de assuntos de "caráter pessoal".
"Posso ter me esquecido de um telefone ou outro. Agora, eu digo, eu me encontrei com o Rogério algumas vezes, em encontros de caráter pessoal, ou em eventos políticos ou empresariais da cidade de Ribeirão Preto, mas jamais mantive relações profissionais ou relações de qualquer ambiente de negócios com o Rogério Buratti", disse Palocci.
Palocci também cuidou de responder a uma reportagem do jornal "O Estado de São Paulo" que listou nove ex-auxiliares seus na Prefeitura de Ribeirão Preto hoje alojados em cargos no governo federal, além de sua mulher, Margareth, empregada na Fundação Nacional de Saúde.
O ministro disse que montou sua equipe com critérios técnicos, e os poucos auxiliares "de confiança" trazidos da prefeitura não estão ligados a decisões de política econômica. Entre eles está seu chefe-de-gabinete, Juscelino Dourado, de quem Buratti é amigo e padrinho de casamento.


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