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Fala de ministro divide empresários
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A resposta do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, às acusações de que recebia mensalão enquanto era prefeito de Ribeirão
Preto dada ontem à imprensa dividiu empresários e sindicalistas.
Para alguns, Palocci foi convincente. Para outros, gastou muito
tempo para falar bem da economia, sem se aprofundar no ponto
principal: a Prefeitura de Ribeirão
Preto recebeu ou não dinheiro de
empresa de lixo (enquanto ele era
prefeito da cidade) para o PT?
Claudio Vaz, presidente do
Ciesp (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo), diz que Palocci "deu uma versão consistente. Ele negou as acusações. Só o fato de se expor e responder todas
as perguntas dos jornalistas foi
muito importante. Mas isso não
quer dizer que a apuração das denúncias deva acabar", afirma.
O que também causou boa impressão na fala de Palocci, na análise da Vaz, foi o fato de ele afirmar várias vezes que a condução
da economia não mudaria com
sua saída. "Uma pessoa com princípios diferentes dos de Palocci,
aproveitaria o momento para se
valorizar e se colocar como indispensável para o governo."
Para Paulo Skaf, presidente da
Fiesp, o pronunciamento de Palocci foi "necessário e satisfatório". "Houve a denúncia, essa denúncia veio sem provas e houve o
esclarecimento dos pontos pelo
ministro", diz. Na sua avaliação,
Palocci, como qualquer cidadão
brasileiro, merece ser respeitado
até que se prove algo contra ele.
"Temos de ter muita serenidade
e responsabilidade. As denúncias
devem ser apuradas no campo da
legalidade e do respeito à Constituição. O julgamento deve ser feito pelas autoridades competentes
e com base em provas."
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro, diz que a entrevista de Palocci foi "palocciana",
ou seja, "serena, convincente e
elegante". Na sua análise, a palavra de Palocci foi tranqüilizadora.
Para Synésio Batista da Costa,
presidente da Abrinq, associação
dos fabricantes de brinquedos, o
ministro Palocci não convenceu a
sociedade de que as acusações feitas por Rogério Buratti, seu ex-assessor, não são verdadeiras.
"Não estou convencido de que
ele [o ministro Palocci] é inocente. Estou convencido, sim, de que
a explicação dele não foi boa. O fato de ele repetir diversas vezes que
seu cargo está à disposição e que o
presidente Lula quer que ele fique
no comando do Ministério da Fazenda foi uma forma de escapar
das explicações que interessam.
Ele passou 90% do tempo falando
bem da economia brasileira."
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical,
considera que as acusações contra
Palocci já são suficientes para a
saída do ministro da Fazenda. "As
acusações de arrecadação de dinheiro de fornecedores e de prestadores de serviços pelas prefeituras do PT são graves e merecem
uma apuração rigorosa. O episódio envolvendo uma figura importante da República [Palocci]
aprofunda a crise política", diz.
Para ele, o "presidente Lula tem
uma ótima oportunidade de afastar o atual ministro, até que as denúncias sejam elucidadas, e mudar os rumos da política econômica, que tanto tem privilegiado
especuladores em detrimento do
setor produtivo, da renda e do
emprego", afirma Paulinho.
Na análise do presidente da Força, "a permanência do ministro
trará com certeza mais vulnerabilidade ao país e as dificuldades de
governar vão aumentar. É preciso
quebrar o sigilo fiscal e telefônico
[do ministro] e dar respostas."
Colaboraram SANDRA BALBI, da Reportagem Local, e GUILHERME BARROS,
colunista da Folha
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