São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2005

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Para analistas, mercado deve abrir mais calmo hoje, após entrevista

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro deverá abrir mais calmo hoje, após as explicações dadas ontem pelo ministro da Fazenda Antonio Palocci, a respeito das acusações do advogado Roberto Tadeu Buratti, segundo analistas.
A afirmação do ministro de que continua no governo e que a política econômica não muda mesmo em caso de sua saída, é o que os investidores estarão considerando hoje na abertura dos negócios.
"A entrevista do ministro deve repercutir positivamente no mercado. Ele foi contundente, exibiu sinceridade tanto com relação ao episódio [da denúncia] como na análise que fez da solidez macroeconômica", diz Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco.
Na última sexta-feira, Buratti afirmou a promotores do Ministério Público do Estado de São Paulo que Palocci, quando ainda era prefeito de Ribeirão Preto, recebia R$ 50 mil por mês de empresa de lixo em troca de favorecimento em licitação. Em conseqüência da denúncia, a Bolsa caiu e o dólar, os juros no mercado futuro e o risco Brasil subiram.
Para Emanuel Carlos da Silva, sócio da GAP Asset Management, na sexta-feira, houve um rompante de medo no mercado, o que fez subir o chamado "prêmio de risco" exigido pelos investidores para comprar ativos brasileiros. "Mas, se nada de novo ocorrer, o mercado deverá abrir em um patamar acima do fechamento de sexta e ir melhorando ao longo da semana. Os fundamentos da economia estão bons: a trajetória de inflação está sob controle, a balança comercial registra superávit de mais de US$ 40 bilhões e o fluxo de capital internacional é confortável", diz Silva.
Barros, do Bradesco, também destaca a solidez da economia para enfrentar a crise política atual. "Estamos bem preparados, a própria reação do mercado, nos últimos meses, mostra que não se fazem mais estresses como antigamente", comenta.
O receio do mercado, segundo Silva, é o de uma eventual troca de ministro da Fazenda resultar em mudança da política econômica. "Mas se sair o Palocci, entra o Murilo Portugal [secretário-executivo da Fazenda] e a política não muda", diz Silva.
Já o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, apesar de considerar "positiva, firme, serena e responsável" a entrevista de Palocci, diz que até espera que ocorram algumas mudanças na política econômica. "Espero que os juros caiam e que haja um choque de gestão para reduzir o gasto público."


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