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Para analistas, mercado deve abrir mais calmo hoje, após entrevista
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro deverá
abrir mais calmo hoje, após as explicações dadas ontem pelo ministro da Fazenda Antonio Palocci, a respeito das acusações do advogado Roberto Tadeu Buratti,
segundo analistas.
A afirmação do ministro de que
continua no governo e que a política econômica não muda mesmo
em caso de sua saída, é o que os
investidores estarão considerando hoje na abertura dos negócios.
"A entrevista do ministro deve
repercutir positivamente no mercado. Ele foi contundente, exibiu
sinceridade tanto com relação ao
episódio [da denúncia] como na
análise que fez da solidez macroeconômica", diz Octávio de Barros,
economista-chefe do Bradesco.
Na última sexta-feira, Buratti
afirmou a promotores do Ministério Público do Estado de São
Paulo que Palocci, quando ainda
era prefeito de Ribeirão Preto, recebia R$ 50 mil por mês de empresa de lixo em troca de favorecimento em licitação. Em conseqüência da denúncia, a Bolsa caiu
e o dólar, os juros no mercado futuro e o risco Brasil subiram.
Para Emanuel Carlos da Silva,
sócio da GAP Asset Management,
na sexta-feira, houve um rompante de medo no mercado, o que
fez subir o chamado "prêmio de
risco" exigido pelos investidores
para comprar ativos brasileiros.
"Mas, se nada de novo ocorrer, o
mercado deverá abrir em um patamar acima do fechamento de
sexta e ir melhorando ao longo da
semana. Os fundamentos da economia estão bons: a trajetória de
inflação está sob controle, a balança comercial registra superávit
de mais de US$ 40 bilhões e o fluxo de capital internacional é confortável", diz Silva.
Barros, do Bradesco, também
destaca a solidez da economia para enfrentar a crise política atual.
"Estamos bem preparados, a própria reação do mercado, nos últimos meses, mostra que não se fazem mais estresses como antigamente", comenta.
O receio do mercado, segundo
Silva, é o de uma eventual troca de
ministro da Fazenda resultar em
mudança da política econômica.
"Mas se sair o Palocci, entra o Murilo Portugal [secretário-executivo da Fazenda] e a política não
muda", diz Silva.
Já o presidente da Fiesp, Paulo
Skaf, apesar de considerar "positiva, firme, serena e responsável" a
entrevista de Palocci, diz que até
espera que ocorram algumas mudanças na política econômica.
"Espero que os juros caiam e que
haja um choque de gestão para reduzir o gasto público."
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