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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A DEFESA DO MINISTRO
Rodrigo Pinho defendeu os promotores que atuam no caso e afirmou que quem divulgou a gravação foi a Polícia Civil do Estado
Procurador de SP nega abuso e culpa polícia
FABIO SCHIVARTCHE
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O procurador-geral de Justiça
de São Paulo, Rodrigo Pinho, negou ontem que tenha havido
equívocos ou abuso do Ministério
Público na divulgação do depoimento do empresário Rogério
Buratti, que acusou o ministro da
Fazenda, Antonio Palocci, de ter
recebido propina de empresa de
lixo em troca de favorecimento
em licitações de Ribeirão Preto.
Ele defendeu os promotores
que investigam o caso e ainda disse que há farta prova documental
que indica conluio entre empresas e prefeituras do interior, inclusive de servidores públicos de Ribeirão Preto, no período em que
Antonio Palocci foi prefeito da cidade, no início desta década.
Segundo Pinho, a gravação e a
divulgação do depoimento de Buratti foram feitas pela Polícia Civil,
com o conhecimento do empresário: "O Ministério Público
[nem] sequer tem cópia da gravação. A responsabilidade pela divulgação à imprensa é da polícia".
Em entrevista na tarde de ontem, horas depois da coletiva concedida por Palocci, o procurador
disse que não havia necessidade
de manter sigilo. "A regra é que as
investigações devem ser feitas
com o acompanhamento da imprensa e de forma pública. O sigilo deve ser decretado apenas de
forma excepcional para resguardar a intimidade da vítima ou por
conveniência das investigações."
Segundo ele, os próprios promotores foram surpreendidos
quando Buratti citou o nome de
Palocci. Ele rebateu as críticas de
que o promotor Sebastião Silveira
estava buscando notoriedade ou
mesmo tentando criar um fato
político ao sair da sala e falar à imprensa durante a sessão de depoimentos, na última sexta-feira.
"O promotor Sebastião colheu
três depoimentos naquele dia. Ao
final de cada um, ele saiu para
prestar esclarecimentos à imprensa. Não houve nada de errado", afirmou Pinho, para quem as
investigações também apontam
evidências de conluio com empresas de lixo da capital paulista.
Questionado se teme alguma reprimenda do governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
que deve receber carta de Palocci
com críticas a supostos "equívocos" do Ministério Público, o procurador respondeu: "É um direito
que lhe assiste. O Ministério Público não tem medo de Palocci".
Repercussão
O advogado Dalmo Dallari, professor de direito constitucional,
disse que a postura dos promotores de Ribeirão Preto fere a Lei Orgânica do Ministério Público.
Ele cita uma nota divulgada na
semana passada pela Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo
segundo a qual os promotores
têm de resguardar informações
dadas por testemunhas que precisam de comprovação mesmo que
não haja uma determinação judicial para que as investigações sejam feitas de forma sigilosa. "Só
vejo duas explicações para o que
aconteceu: uma motivação politica dos promotores ou uma tentação dos holofotes", disse Dallari.
O secretário de Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro
Abreu Filho, não quis comentar o
fato de assessores do presidente
Lula atribuírem a ele a iniciativa
de transportar a gravação do depoimento de Buratti de Ribeirão
Preto a São Paulo e entregá-la para a divulgação de uma rede de
TV. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança
Pública, Saulo classificou essa
afirmação como "leviana".
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