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Lula não foi "constrangido" por mensaleiro, diz Dirceu
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro José Dirceu
disse ontem que não existe nenhum constrangimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou do PT com a participação
na campanha dos parlamentares da legenda que se envolveram no esquema do mensalão.
Como se fosse um dos coordenadores de campanha, Dirceu deu detalhes do que teria
ocorrido no comício de Lula em
Osasco (SP) domingo. No evento, Lula em momento nenhum
apareceu ao lado do ex-presidente da Câmara João Paulo
Cunha. "O Lula não teve constrangimento nenhum com o
João Paulo. É uma mentira da
imprensa. O Lula convidou o
João Paulo para vir para a frente do palanque e ele é que não
aceitou, como eu não aceitaria
também", relatou Dirceu, que
foi ontem ao lançamento do livro do ex-presidente do PT José Genoino (leia texto ao lado).
Em seguida, o ex-ministro
disse que "sabe o que aconteceu" em Osasco porque conversou "com pessoas da militância
que estavam lá". Dirceu e João
Paulo estão entre os 40 nomes
da lista de pedidos de indiciamento enviada ao STF pelo
procurador-geral da República,
Antônio Fernando Souza, que
classificou o mensalão de "organização criminosa". Dirceu
foi cassado; João Paulo absolvido no plenário da Câmara.
A Folha apurou que, antes
do comício, houve uma reunião
do diretório do PT em Osasco
para avaliar o impacto da aparição de João Paulo ao lado de
Lula. Para a maioria dos petistas, o melhor seria evitar a presença ostensiva de João Paulo
no comício do presidente.
Um petista disse, sob reserva, que alguns dos militantes
que gritavam no comício o nome de João Paulo eram aliados
do ex-presidente da Câmara
que não se conformaram com a
decisão do diretório.
Coordenadores da campanha de Lula afirmam que, para
o presidente, não é incômodo
conviver na campanha com os
parlamentares que se ligaram
ao mensalão. Já o comando da
campanha está dividido sobre
os impactos no eleitorado. Parte acha que é inócuo aparecer
ou não ao lado de mensaleiros.
Outros não querem arriscar.
Ao ser questionado se aparecer ao lado dos parlamentares
mensaleiros tiraria votos, Dirceu foi reticente: "Isso é um
outro problema. Isso é o eleitorado que vai dizer". Segundo o
ex-ministro, se conviver com
os mensaleiros na campanha
fosse motivo de constrangimento o PT deveria ter negado
a eles a legenda para a eleição.
Para o ex-ministro, Lula vai
se reeleger no primeiro turno,
e o PT fará uma bancada praticamente igual à de 2002, de 92
parlamentares. "Eu faço campanha para o João Paulo com o
maior prazer, para o Genoino,
para o Palocci. Eu estou absolutamente tranqüilo. Fui absolvido na CPI dos Bingos, no caso
Santo André e vou ser absolvido no STF", afirmou Dirceu.
Dirceu disse que Lula não está se desligando do PT, mas que
a "política de comunicação" do
programa eleitoral na TV avalia que é preciso ampliar a votação para além da legenda. "Lula
é presidente do Brasil. Ele vai
ser eleito com um eleitorado
muito mais amplo que o do PT.
É filiado ao PT, o Brasil inteiro
sabe disso, e o PT é o principal
partido que dá sustentação ao
governo", disse.
O ex-ministro afirmou que
sua prioridade é reeleger Lula e
aguardar sua absolvição no Supremo. Só depois, afirmou Dirceu, pensará na tentativa de
anular a cassação do mandato.
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