São Paulo, quarta-feira, 22 de agosto de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Veio a calhar

O Planalto recebeu a acusação da juíza Cecília Marcondes a Denise Abreu como solução, não problema. Agora que pesa sobre a diretora da Anac, além do desgaste acumulado, a suspeita de ter enganado a Justiça para conseguir a liberação da pista de Congonhas, em atendimento ao desejo das empresas aéreas, o governo acredita ter sido presenteado com a "brecha jurídica" que tanto procurava para se livrar de Abreu -isso se ela, contrariando a indiferença exibida até aqui, não sucumbir à pressão e tomar a iniciativa de sair.
Por ora, o plano é ejetar apenas Abreu, levada à Anac por José Dirceu. Indicado por Dilma Rousseff e Walfrido dos Mares Guia, o presidente da agência, Milton Zuanazzi, ainda tem quem o defenda no governo.

Puxando o fio. Ainda circunscrito a Denise Abreu, o caso das falsas garantias que teriam sido apresentadas para liberar Congonhas tem enorme potencial de dano para as companhias aéreas.

Online. De tédio os membros do STF não morrerão durante as longas horas de sustentação oral dos advogados de defesa no julgamento do mensalão, que começa hoje. Segundo um conhecedor dos hábitos do tribunal, vários ministros vão passar o tempo navegando na internet.

Cadê ? Membros da CPI dos Correios estranharam a ausência de Henrique Pizzolatto na ação de improbidade apresentada pelo Ministério Público Federal no DF contra 35 dos denunciados no mensalão. O ex-diretor do BB liberou recursos da Visanet para empresas de Marcos Valério e deste recebeu R$ 326 mil.

Tripé. Osmar Serraglio (PMDB-PR) refuta a idéia de que contra José Dirceu existe só a palavra de Roberto Jefferson. O relator da CPI dos Correios lembra que também o tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri, e o próprio Marcos Valério relataram a atuação do ex-chefe da Casa Civil no esquema do mensalão.

Puxa vida! Faixa estendida na Esplanada dos Ministérios por servidores demitidos durante o governo de Fernando Collor (1990-1992), que até hoje lutam por sua readmissão: "Até o Collor voltou. E nós, como ficamos?".

De bem. Após alguns dias de hesitação, o PT voltou à trincheira de Renan Calheiros. A sigla alardeia "boas notícias" para o presidente do Senado, entre elas a de que os "laranjas" que compraram seu gado figuram em muitos negócios pecuários em AL.

Prodígio. A perícia da PF avalia que o patrimônio de Renan cresceu mais do que sua renda em um dos anos analisados. Nos demais, o acúmulo de bens pode ser justificado, desde que se acredite que ele tenha guardado 70% de tudo o que ganhou.

Platéia. Petistas lideram o movimento na base para aprovar alterações na CPMF já na Câmara a fim de agradar à classe média. Acham que, se escalonarem a redução do imposto do cheque, terão discurso para tentar conquistar uma parte desse eleitorado.

Racha. A manobra que tirou do PSDB a liderança da minoria da Câmara e colocou ali André de Paula (DEM-PE) fez o tucano Antonio Carlos Pannunzio (SP) ligar para o prefeito Gilberto Kassab, manda-chuva dos "demos". "Assim não se constrói nada", disse.

Latitude baixa. A crise na saúde com a greve de médicos no Nordeste pode chegar ao Sul. Na segunda, hospitais filantrópicos gaúchos prometem parar por falta de repasses. Tais instituições são responsáveis por 70% dos atendimentos do SUS no Estado.

Visita à Folha. Abílio dos Santos Diniz, presidente do Grupo Pão de Açúcar, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Cássio Casseb, presidente da Diretoria Executiva.

Tiroteio

"Será que Denise Abreu vai ameaçar processar a juíza por calúnia como fez quando foi acusada pelo brigadeiro J. Carlos?"
Do deputado GUSTAVO FRUET (PSDB-PR), da CPI do Apagão Aéreo, sobre o fato de a juíza do TRF de São Paulo Cecília Marcondes ter dito que foi enganada pela diretora da Anac, que apresentou documento sem validade no esforço para liberar pousos em Congonhas.

Contraponto

Dever de ofício

Uma crise de diverticulite afastou do trabalho, por duas semanas, o presidente da CPI do Apagão Aéreo, Marcelo Castro (PMDB-PI). Enquanto permaneceu internado em um hospital de Brasília, o deputado acompanhava, pela TV Câmara, os depoimentos prestados à comissão.
Diante da fidelidade do paciente àquela emissora, uma das enfermeiras não se conteve e decidiu interrogá-lo:
-Desculpe, mas por que o senhor só vê esse canal?
Castro então explicou quem era e o que fazia.
-Ah, entendi... Estava estranhando porque nunca tivemos aqui outro paciente que assistisse a essa coisa chata!


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