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Ambientalista não sabe plantar, diz ministro
Em MT, Stephanes defendeu mudanças na lei e negou relação entre as declarações e a possível candidatura de Marina
Críticas foram contra os "que não entendem de meio ambiente", artistas "que nunca saíram do Rio" e ONGs "financiadas pelo petróleo"
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) subiu ontem
o tom das críticas contra ambientalistas "que não entendem de meio ambiente", artistas "que nunca saíram do Rio
de Janeiro" e ONGs "financiadas pela indústria do petróleo".
As declarações foram feitas
dois dias após a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente
Marina Silva (AC) anunciar sua
saída do PT para possivelmente
disputar a Presidência da República pelo PV, em 2010.
Para Stephanes, a maioria
dos ambientalistas "não conhece a realidade" do setor agrícola. "Eles não sabem o que significa plantar arroz, soja e milho.
Não têm noção e, se tivessem,
não teriam cometido tantos erros na elaboração das leis."
A ofensiva foi lançada ontem,
em Cuiabá, durante o último
dia da Bienal dos Negócios da
Agricultura, evento promovido
pela Famato (Federação da
Agricultura e Pecuária de MT)
que discutiu o código florestal.
O ministro defendeu mudanças na atual legislação, "construída ao longo das últimas décadas apenas por ambientalistas". Se as regras fossem integralmente cumpridas, disse ele,
70% do território brasileiro seria inviabilizado para atividades econômicas.
Para Stephanes, o Brasil é o
país "mais ecológico do mundo", mas também o que "mais
sofre pressões e críticas". "O
etanol polui doze vezes menos
do que a gasolina. Mas ninguém
discute a extração de petróleo.
As maiores ONGs que atuam
no território nacional são pagas
por empresas petrolíferas."
Sem citar nomes, o ministro
ainda fez referência a movimentos como o "Amazônia para Sempre", capitaneado pelos
atores Christiane Torloni e Victor Fasano. "O fato de eu ser um
artista de televisão, nunca ter
saído do Rio de Janeiro e falar
de meio ambiente não significa
que eu entenda do assunto."
Stephanes negou que o acirramento das críticas tenha relação com a possível candidatura da ambientalista Marina.
"Não estou fazendo crítica a ela
ou a ninguém", disse.
Uma das mesas colocou em
lados opostos a senadora Kátia
Abreu (DEM-TO), presidente
da Confederação Nacional da
Agricultura, e o governador
Blairo Maggi (PR-MT).
A senadora foi aplaudida ao
defender mudanças. "Ninguém
está pleiteando mais desmatamento". Já Maggi desagradou
ao dizer que a prioridade é
"consolidar a atual legislação".
Sem-terra
Sobre a decisão do presidente Lula de atualizar os índices
agropecuários usados na desapropriação para a reforma
agrária -promessa feita ao
MST-, Stephanes disse à Folha, anteontem, que "compreende" as manifestações de
ruralistas. "Uma agricultura
que é, nos últimos dez anos, a
que mais cresce em eficiência
no mundo, não pode ser penalizada como improdutiva".
O ministro tem sido pressionado para não assinar a portaria, mas afirma que seguirá a
determinação de Lula.
Colaborou EDUARDO SCOLESE,
da Sucursal de Brasília
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