São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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PT exclui saldos superiores a 5%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O economista Guido Mantega, um dos principais porta-vozes econômicos do PT, se preocupa em dar proporções que considera razoáveis aos objetivos de ampliar o superávit comercial e manter a inflação sob controle.
Mantega exclui a geração de "megassaldos comerciais" -a exemplo dos superiores a 5% do PIB atingidos nos anos 80- dos objetivos a serem perseguidos em um eventual governo do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
"Isso só é viável com inflação ou compressão do mercado interno", argumenta Mantega, para quem seria suficiente um superávit de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões (de 2,8% a 3,7% do PIB atual, mas a proporção cai se houver crescimento econômico).
O país continuaria tendo déficit, embora menor, nas transações totais de bens e serviços com o exterior, o que, para Mantega, é desejável, por permitir a absorção de investimentos externos.

Inflação
No caso da inflação, o petista é crítico das metas fixadas pelo governo federal, já descumpridas neste ano e em 2001. "O governo está forçando a barra" ao pretender variações de preços iguais aos de países ricos, sustenta o economista petista.
Tal política, segundo essa análise, obriga o país a praticar juros excessivamente altos, sacrificando o crescimento econômico.
Para Mantega, é natural que um país como o Brasil tenha uma inflação de 2,5 a 3 pontos percentuais acima da registrada no mundo desenvolvido, principalmente em momentos de crise.
Quanto ao crescimento econômico, ele espera melhora já em 2003, por um motivo simples: após a estagnação dos últimos dois anos, alguma recuperação tende a ocorrer quase "por inércia". O PT, em seu programa, fala em uma taxa média de 5% nos quatro anos de um eventual mandato de Lula.
Para elevar tanto o superávit comercial como o crescimento, menciona-se a agenda que é comum entre os candidatos: reforma tributária com redução de impostos sobre as exportações, política industrial e substituição de importações.
Mantega descarta taxar as importações -que, para ele, também devem crescer- e diz que não se importaria de trabalhar com o dólar a R$ 2,80 ou R$ 2,90.
Nos preços, o economista considera viável a renegociação -voluntária- de contratos como os das tarifas de energia, em que o governo poderia assumir custos referentes à variação do dólar. Esse ônus, argumenta, poderia ser minimizado com operações no mercado financeiro.


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