São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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BRASIL

GOVERNADORES

Outros quatro governantes que disputam um novo mandato também têm chances de vitória, segundo as últimas pesquisas

Seis podem se reeleger já no primeiro turno

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Dos dez candidatos a governador que tentam a reeleição em todo o país, seis teriam, se as eleições fossem hoje, chances de vitória logo no primeiro turno. Os outros quatro estão tecnicamente empatados em primeiro lugar.
A constatação foi feita depois da divulgação das pesquisas eleitorais mais recentes nos Estados.
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Jorge Viana (PT-AC), Zeca do PT (MS), Marconi Perillo (PSDB-GO), Esperidião Amim (PPB-SC) e Joaquim Roriz (PMDB-DF), pelas pesquisas recentes, teriam grandes chances de fechar a questão eleitoral no dia 6 de outubro. Em São Paulo, Alagoas, Roraima e Piauí haveria segundo turno com o candidato à reeleição na disputa.
Comparada à situação das eleições de 98, repete-se a tendência de favoritismo para os candidatos que buscam o segundo mandato.
Na eleição passada, dos 27 postulantes em todo o Brasil, 21 tentavam a reeleição. Desses, 14, ou 66,6%, saíram vitoriosos -dos quais oito em primeiro turno.
Para Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a visibilidade que o cargo oferece é um fator decisivo.
"O simples fato de ser titular do cargo, e a visibilidade que ele proporciona, se torna um trunfo de grande importância. É sabido que o grosso do eleitorado popular é desinformado, desatento, e parte do problema de qualquer candidato novo é se tornar conhecido do público", declarou Reis.
Sobre um eventual desgaste da imagem política como consequência adversa da reeleição -mote que tem servido de argumento para campanhas oposicionistas que pregam mudança-, o professor relativizou a questão.
"A menos que haja coisas muito especiais que provoquem desgaste ou a menos que haja exposição muito demorada no segundo mandato, em que começa a haver razões maiores para que o desgaste apareça", afirmou o cientista.
Apesar de ter tido a candidatura cassada pelo TRE -decisão derrubada depois pelo TSE-, desgaste é um termo que parece não ter atingido a candidatura do petista Jorge Viana, no Acre. A última pesquisa Ibope, publicada na quinta-feira pela Rede Globo, dava a ele 61% das intenções de voto.
É um exemplo, segundo os próprios adversários admitem, de como uma situação adversa pode contribuir favoravelmente.

"Dono de votos"
Já, em Pernambuco, a ausência de um fato político da magnitude do que ocorreu no Acre permite tranquilidade, pelo menos até agora, ao governador Jarbas Vasconcelos. Pesquisa Ibope divulgada no dia 12 apontava Vasconcelos com 66% de preferência entre o eleitorado, até então o candidato com a maior vantagem registrada no país. Bem atrás, Humberto Costa (PT) tinha 15%.
Considerado um "dono dos votos" -cacique regional com grande popularidade-, Jarbas era tido pela campanha de José Serra como vice ideal para alavancar a votação do presidenciável tucano no Nordeste, região na qual o ex-ministro da Saúde não tem um apoio expressivo.
Para Fernando Abrucio, cientista político e professor da PUC-SP e da Fundação Getúlio Vargas, o cargo favorece o candidato à reeleição por três razões: controle de recursos, maior capacidade de criar uma rede de apoio de prefeitos e eleições casadas.
"Como ele [o governador" está mais próximo dos municípios, tem recursos, digamos, que podem ser distribuídos seletivamente, favorecendo mais bases eleitorais situacionistas", declarou o cientista político.
Assim, pelo raciocínio do cientista político, os governadores têm mais capacidade de montar uma rede de apoio entre os prefeitos que, em muitos casos, dependem sobretudo de repasses do Estado para manterem as suas administrações em funcionamento.
"Os prefeitos ainda têm mais dois anos de mandato, e eles têm de ter um pouco de cuidado ao lidar com a eleição estadual."


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