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JUDICIÁRIO
Após nova proposta do TJ-SP, que ofereceu reajuste médio de 14,5%, paralisação que já dura 86 dias pode acabar
Servidores decidem hoje se encerram greve
UIRÁ MACHADO
DA REDAÇÃO
Hoje, às 14h, no centro de São
Paulo, a assembléia dos servidores do Judiciário do Estado decidirá se a nova proposta feita pelo
TJ (Tribunal de Justiça) será aceita e se a greve, que já dura 86 dias,
chegará a seu fim. A paralisação é
a mais longa da história.
Pelos termos do acordo, negociado em reunião anteontem que
durou quatro horas, os servidores
teriam um reajuste médio de
14,5% no salário. Os grevistas reivindicavam reposição de 39,19%,
retroativa a março deste ano.
No mesmo dia da reunião, o
presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Edson Vidigal,
defendeu a intervenção federal
para encerrar a paralisação.
Antes de a greve começar, o presidente do TJ, desembargador
Luiz Elias Tâmbara, ofereceu aos
servidores reajuste de 26,39% -o
que foi aceito. Dias depois, porém, Tâmbara voltou atrás e disse
não ter verba suficiente.
Segundo o secretário estadual
de Justiça, Alexandre de Moraes,
o governo do Estado "está dando
uma verba suplementar [cerca de
R$ 73 milhões] que permitirá um
reajuste de 10%. Os 4,5% restantes, [para totalizar R$ 100 milhões,
segundo a proposta], viriam de
realocação de recursos do próprio
TJ". O reajuste valerá a partir de
setembro, incluindo o 13º.
O secretário de Justiça também
informou que a verba suplementar tem origem no "excesso de arrecadação". "Há um mês, o governo do Estado havia oferecido
suplementação suficiente para
dar aumento médio de 8,5%, mas
os grevistas não aceitaram. Como
a greve continuou, foi possível aumentar para 10%, e o TJ fez essa
realocação", disse Moraes.
Na reunião, também foi discutida a compensação dos dias parados e a possibilidade de não haver
desconto em folha. Segundo a assessoria do TJ, os servidores poderão fazer a compensação com
férias e licença-prêmio, por exemplo, até o dia 25 de agosto, quando
o Órgão Especial do tribunal determinou o desconto dos dias parados. A compensação dos dias
posteriores a essa data ainda precisará ser discutida pelo órgão.
Mutirões
No entanto, segundo Ronaldo
Curumba, da comissão de imprensa do comando de greve, os
servidores não aceitarão compensar cada um dos dias parados.
"Serão feitos mutirões aos sábados para atualizar o serviço". Esse
e alguns outros pontos, como o
índice exato de reajuste, serão discutidos em nova reunião amanhã,
antes da assembléia.
Ao longo da greve, 12 milhões
de processos ficaram parados, 400
mil audiências não foram realizadas e aproximadamente 1,2 milhão de novos processos não foram distribuídos nos fóruns.
Para o presidente da OAB-SP,
Luiz Flávio Borges D'Urso, "esses
números trarão muitos problemas quando a greve acabar -e
Deus queira que ela termine amanhã [hoje]". Ele disse que o fim da
paralisação provocará "uma enxurrada de processos nos cartórios e escritórios de advocacia".
"Prazos suspensos serão retomados, intimações interrompidas
precisarão ser feitas e muitos novos processos terão início. Se tudo
isso acontecer de uma vez, ninguém dará conta. Por isso, estamos propondo que os prazos
continuem suspensos por mais 15
dias", disse D'Urso. O TJ afirmou
que os prazos devem ser retomados logo após o fim da greve.
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