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SOCIAL
Para Ricardo Paes de Barros, falta focalização nos gastos com os mais pobres
Economista vê falha em ação federal
DA SUCURSAL DO RIO
O economista do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada)
Ricardo Paes de Barros afirmou
ontem que, se o governo não mudar sua atual política social, o quadro de desigualdade permanecerá
estável até o fim do governo Lula.
Segundo ele, nos últimos 20
anos, praticamente não houve alteração nesse quadro, com o 1%
da população mais rica se apropriando da mesma parcela da
renda nacional que todos os brasileiros que estão na parcela dos
50% mais pobres.
Para Paes de Barros, o governo
Lula ainda não foi capaz de tornar
a política social eficaz porque falta
avaliação dos programas sociais e
mais focalização nos gastos para
os efetivamente mais pobres. Um
exemplo de melhoria apontado
pelo economista é a ampliação e
integração dos programas sociais
voltados para os mais pobres.
Ontem, durante sessão plenária
do 14º encontro da Abep (Associação Brasileira de Estudos Populacionais), que acontece em
Caxambu (MG), o economista
apresentou um estudo que conclui que é a diferença de salários
pagos para ricos e pobres no mercado de trabalho, e não o desemprego elevado, a principal causa
da desigualdade brasileira.
O estudo do economista mostra
que, para reduzir a extrema pobreza no país, é mais eficiente diminuir a desigualdade do que gerar apenas crescimento econômico, e que a maior parte das diferenças existentes no mercado de
trabalho são apenas reveladas a
partir da desigualdade educacional, e não geradas por ele.
"O principal problema da população mais pobre não é falta de
emprego, mas excesso de trabalho mal remunerado", afirmou.
O economista fez análise dos fatores que mais explicam a desigualdade brasileira, medida pela
renda familiar per capita. O fator
que mais contribui diretamente
para a desigualdade, segundo o
estudo, é a remuneração do trabalho, que explica 61% da desigualdade. O desemprego, segundo o
economista, é responsável por
apenas 5% dessa desigualdade.
Para chegar a essas conclusões,
ele calculou como seria a renda
per capita familiar caso não houvesse diferença, por exemplo, na
porcentagem de adultos que trabalhavam em cada família. Com
isso, foi possível verificar em
quanto seria alterado, nesse caso,
o quadro de desigualdade no país
caso não houvesse nenhuma diferença no acesso ao emprego entre
ricos e pobres. O mesmo exercício
foi feito para os outros fatores.
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